Mais um passo para a transformação da invasão da Estrutural em cidade foi dado na noite desta quinta-feira. A ordem de serviço para o início da construção da rede de esgoto no local foi assinada pela governadora em exercício, Maria de Lourdes Abadia, pelo diretor da Agência de Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbano, Tadeu Fillippeli, e pelo presidente da Companhia de Saneamento do Distrito Federal (Caesb), Fernando Leite, em uma tenda montada às margens da via que leva o nome da antiga invasão. No final da obra, R$ 12 milhões terão sido gastos pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para construir os 72 km da rede, que beneficiará os cerca de 35 mil habitantes do local. Bernarda Sabino da Silva Nascimento, 62 anos, dez deles na antiga invasão, comemorou o anúncio do início das obras. —Agora só falta o asfalto—, gritou, durante o discurso da vice-governadora.

A Caesb promete iniciar ainda nesta sexta-feira as obras. Para isso, mandou tratores à Estrutural na tarde de ontem. Quando exatamente elas terminarão, no entanto, nenhuma autoridade presente à solenidade soube dizer. O motivo? —Toda a mão-de-obra usada será de moradores da própria Estrutural—, disse Fernando Leite. —Por isso, não temos pressa, pois será preciso ensiná-los a usar as máquinas.’’ Jorge Pinheiro, secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), apontou outro problema que pode atrasar o andamento. —Temos de remover algumas pessoas daqui—, avisou. —Essas famílias construíram suas casas em áreas impróprias, que causam danos ao meio ambiente.— Antes de iniciar a construção, o Ibama e a Semarh fizeram o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) das rede de esgoto e da área, ocupada há três décadas. —Autorizamos a obra, mas algumas modificações terão de ser feitas antes—, disse Jorge, referindo-se à remoção das famílias. Segundo ele, a nova cidade, se tivesse sido planejada, não poderia estar localizada ali. — Temos uma Área de Preservação Ambiental (APA) atrás da Estrutural. Além disso, há um poliduto, que transporta combustível, passando aqui embaixo.—

Mais recursos

Em abril, o governador Joaquim Roriz regularizou a invasão, dando-lhe o status de cidade — com direito, inclusive, a administrador regional. Apesar disso, os problemas de infra-estrutura enfrentados pelos moradores ainda são muitos. Há um posto da Caesb, uma agência do Banco de Brasília (BRB) e está sendo construída a segunda passarela de pedestres. Mas faltam asfalto, calçadas, segurança e luz e água para alguns moradores, principalmente os que residem na Vila Velha, a parte mais antiga — e também a mais pobre — da cidade. Maria de Lourdes Abadia garantiu que a Estrutural será transformada em uma cidade melhor. — A Estrutural tem voz e, agora, vai passar a ter vez no desenvolvimento também—, afirmou. Ela anunciou que, enquanto Roriz estiver na Itália em busca de mais recursos para obras de infra-estrutura no DF, irá todos os dias à cidade para acompanhar o andamento das obras de esgoto.