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abelhas
2004-07-06
Segundo a coordenadora geral do Instituto de Permacultura da Bahia, a engenheira agrônoma Cinara Del Arco Sanches, a policultura se fundamenta na compreensão e reprodução dos processos naturais da sucessão de espécies; é uma alternativa viável para o pequeno produtor e que possibilita a recuperação dos solos, além de conservar a biodiversidade. — Plantamos campos de policultura de 1000 m², nas propriedades dos agricultores familiares e eles são capacitados para utilizar técnicas mais sustentáveis de manejo e uso da terra, explica. A convivência e conservação da caatinga são garantidas com o plantio de espécies nativas (jureminha, umburana de cheiro, mulungu, mandacaru, umbu, sisal, baraúna, aroeira, são-joeiro e outras). A segurança alimentar e a sustentabilidade da propriedade são garantidas com o plantio de culturas que fornecem alimentos para as pessoas (gergelim, girassol, andu, aipim, abóbora, batatas, frutas etc) para os animais (gliricídia, leucena, andu, sorgo, feijão bravo, etc.) e para o próprio solo (feijão de porco, crotalária e mucuna preta). Durante todo ano acontecem encontros mensais para a discussão de temas pertinentes como: administração rural, diversidade e consórcio, alimentação animal, policultura, matéria orgânica, alimentação regional, otimização do uso da água, dentre outros. No mês de setembro, acontece a Festa da Policultura, onde os agricultores que participaram das reuniões recebem certificados de formatura.

Resgate da cultura
Do ponto de vista social, lembra Cinara, há a formação de uma consciência crítica e um restabelecimento da auto-estima do agricultor familiar, uma vez que este obtém resultados compensadores. Muitos jovens sertanejos, como Jurandi Anunciação, 23 anos, abandonaram a idéia de ir para São Paulo, tentar ganhar o sustento, após a participação no Projeto Policultura. Hoje, ele é um dos agricultores-monitores do projeto e contribui para repassar informações e orientar o plantio dos campos dos outros policultores em sua comunidade. Casado e com dois filhos, relata entusiasmado: — Quando a gente faz policultura, começa a prestar mais atenção na natureza e ver mais pássaros, abelhas, insetos e animais contribuindo para polinizar, semear, formar matéria orgânica. A gente começa a ver a beleza da caatinga e a gostar mais de ser daqui do sertão.

Parcerias garantem o sucesso
Não basta ser eficiente, tem que ser articulado. Essa é uma das premissas para um projeto socioambiental ser bem sucedido. É o que acontece com o Policultura no Semi-Árido, que envolve todos os setores da sociedade - ongs, poder público, empresas, associações comunitárias, instituições de pesquisa. Desde 1999, o Policultura no Semi-Árido vem sendo executado pelo Instituto de Permacultura da Bahia e tem vários parceiros: associações comunitárias e de agricultores de diversos povoados, ADRA (Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais), Bom Brasil Óleo de Mamona Ltda., Atofina (empresa francesa de óleo de mamona), Embaixada dos Países Baixos, Both Ends (ong holandesa), Conservation, Food and Health Foundation, Fundo Nacional do Meio Ambiente, Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Prefeituras Municipais de Ourolândia, Umburanas e Cafarnaum e EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola). — Quanto maior a participação, mais efetivos e permanentes são os resultados das ações, lembra Cinara. O esforço coletivo foi tão bem sucedido que está sendo finalizado um convênio com a Secomp (Secretaria de Combate à Pobreza e Desigualdade Social da Bahia) que prevê a ampliação do projeto para o atendimento a cerca de três mil famílias.

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