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2004-07-05
O ponto de partida de 30 ambientalistas, professores e estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) que participam da expedição para percorrer os 570km de extensão do Rio Paraguaçu foi Barra de Estiva, na Chapada Diamantina, onde se localiza a nascente. O grupo vai realizar a exploração nos próximos 30 dias com o objetivo de pesquisar a situação do rio, qualidade das águas, presença de vegetação, peixes, aves e lixos sólidos. —Vamos fazer um mapeamento completo de toda a área atual—, adianta o ambientalista César Maia, um dos coordenadores do projeto. A expedição será realizada em três etapas, divididas entre o alto, médio e baixo curso do rio. No primeiro trecho, entre a cidade de Ibicoara e a Lagoa Encantada, os expedicionários farão apenas trilhas terrestres. Mas até o ponto final, em Barra do Paraguaçu, já na Baía de Todos os Santos, a equipe vai precisar de caiaques infláveis para fazer o percurso nas águas. —Só para realizarmos a passagem de Mucugê para Andaraí, vamos levar dois dias e meio na Serra do Sincorá—, afirma Maia, que junto com o ambientalista Oscar Marques Filho dedica-se à criação da Fundação Nascentes do Paraguaçu.

A bióloga Valéria Rocha da Silva é uma das pesquisadoras que participam da expedição ecológica. De mochila nas costas, ela aceitou o desafio de ficar longe da família por um mês para se dedicar à análise das espécies de peixes existentes no Paraguaçu. —Vamos fazer um levantamento qualitativo e quantitativo das espécies encontradas—, adianta a bióloga. O grupo vai se aventurar em caminhadas, e em determinados trechos contará com a ajuda de veículos off-road. Dormindo em barracas, os expedicionários contarão ainda com o apoio de uma outra equipe, encarregada de montar e desmontar acampamento. —nquanto seguimos acompanhando o curso do rio, o pessoal do apoio segue de carro e monta as barracas—, explica Maia. O Rio Paraguaçu possui 570 km de extensão e percorre 23 municípios. Já a calha principal da bacia hidrográfica homônima - que ocupa uma área de 55 mil km2 (10% do estado) e é considerada a maior do estado - abrange 80 municípios. Descoberto por Cristóvão Jacques, comandante de uma expedição que aportou no Brasil em 1526, o rio foi batizado de Paraguaçu pelos índios.

Rastreamento - Além de conhecer e divulgar as informações sobre este patrimônio natural e cultural, a expedição pretende fazer um rastreamento sobre a qualidade das águas e de toda a área percorrida pelo rio, que vem sofrendo impactos ambientais. —O rio enfrenta vários tipos de problemas. Uma das questões mais preocupantes é o lançamento do esgotamento da cidade de Feira de Santana, que vai parar no Paraguaçu—, denuncia Maia. Outras sujeiras são mais visíveis, como a dos abatedouros de gado, que poluem as águas com restos do abate. Desmatamentos e extração de madeira para finalidades agrícolas, retirada de areia e argila de suas margens e a contaminação por metais pesados, constatada em estudos recentes, preocupa os ambientalistas.

Além da Uefs, a expedição conta com o apoio do Ibama, TV Bahia, diversas organizações não-governamentais ligadas as questões ambientais e do Centro de Recursos Ambientais (CRA), que disponibilizou especialistas para realizar minicursos em gestão ambiental. Com duração de 16 horas, as aulas serão instrumentos para transformar moradores das comunidades ribeirinhas em agentes de preservação ambiental. O primeiro curso acontece amanhã e quarta-feira em Barra da Estiva. —O curso não atrapalha nossa atividade porque acontece paralelamente à expedição. Seguindo nosso caminho, vamos estar também realizando atividades educativas a fim de mobilizar a população para as questões ecológicas—, conclui Maia. (Correio da Bahia on line, 05/07)

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