Desenho da Disney estaria promovendo o desequilíbrio da fauna oceânica
2004-07-05
Em geral, a arte e o meio ambiente socorrem um ao outro, mas não é bem isto o que está acontecendo em relação ao filme Procurando Nemo e a preservação de certos tipos de peixes – digamos, peixes bem parecidos com o simpático e colorido da produção da Disney, que faz parte de uma espécie exótica típica dos trópicos e que escapa do seu aquário e volta ao oceano, onde quer viver feliz. O fato é que, desde que o filme foi lançado, em 2002, peixes tropicais estão aparecendo fora de seus habitats, mas não sozinhos: estão sendo levados ao oceano errado pelas mãos de seus próprios donos. Como isso pode ser deduzido? É que um grupo de pesquisadores do Santuário Marinho da Flórida detectou, desde o começo da exibição do filme Nemo, a presença, no trecho do Atlântico que vai da Carolina do Norte e Nova Iorque, de peixes exóticos, incluindo um par de peixes-morcego, típicos do Oceano Pacífico. Todos eles são muito populares em aquários, por seu brilho e colorido intensos. Um biólogo de Washington, que acompanha esse estranho fenômeno, acredita que as pessoas estejam liberando os seus bichinhos-Nemo de estimação de volta ao ambiente, repetindo a história do filme, mas só que estão fazendo isso no oceano errado, de modo a desequilibrar o meio natural. Para certificar-se de que é essa desova de bichinhos que está mesmo acontecendo, um grupo de pesquisadores comparou inclusive as estatísticas de peixes exóticos importados pelos norte-americanos entre 1993 e 2000, com a presença de tais espécies nos locais onde agora elas se concentram, e descobriu que realmente houve um aumento nas importações desses animais. O problema de liberá-los em qualquer oceano é que, ao invés de ficarem felizes, como no filme, podem virar mais facilmente almoço ou jantar de uma outra espécie.