OTCA quer cobrar de países ricos a preservação da Amazônia
2004-07-01
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) defenderá que as nações desenvolvidas contribuam economicamente para a preservação da Amazônia, anunciou quarta-feira (30/06), a secretária-geral desse organismo, a ex-presidente equatoriana Rosalía Arteaga. — Existe uma dívida que os países mais ricos do planeta têm com nossos países. Só pela preservação dos recursos da biodiversidade (amazônica), os países desenvolvidos já deveriam pagar, declarou em entrevista coletiva concedida em Brasília. A OTCA, com sede em Brasília, é formada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Suriname, Peru e Venezuela. O plano para que as nações desenvolvidas contribuam financeiramente com a preservação da Amazônia, seja em dinheiro ou com programas de câmbio da dívida externa, será analisado em reunião feita em Brasília entre amanhã, quinta-feira, e sexta-feira, com a participação de 50 representantes dos países amazônicos. — Os outros países que já começam a ter problemas de água, que contaminam, que estão olhando com olhos ambiciosos nossa biodiversidade, têm que pagar por sua manutenção, considerou Arteaga, que presidiu provisoriamente o Equador em 1997. Ela acrescentou que a OTCA buscará conscientizar os governos das nações amazônicas sobre essa idéia, que só pode ser realizada com a participação direta dos oito países membros. Em relação a como as nações desenvolvidas poderiam fazer esse pagamento, Arteaga listou algumas possibilidades, entre as quais está o câmbio da dívida externa das nações que compartilham a Amazônia. Rosalía Arteaga mencionou também o apoio a iniciativas para promover o desenvolvimento na Amazônia, que, além disso, permitam preservar a floresta, e projetos nas áreas de saúde e educação. Ela observou que, para enfrentar as possíveis resistências a essa cobrança, os governos dos países da OTCA têm que fechar em torno da proposta, para negociar com as nações desenvolvidas as condições da sua implementação. A ex-presidente equatoriana também explicou que essa cobrança será um dos temas incluídos no plano estratégico da OTCA, um conjunto de diretrizes que deverão orientar os rumos do organismo até 2010. Entidades como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) confirmaram que enviarão representantes à reunião de Brasília. A Organização Panamericana de Saúde (OPS), a Comunidade Andina de Nações (CAN) e escritórios de cooperação da Europa também informaram que estarão presentes na reunião. A secretária-geral da OTCA ressaltou que o plano de trabalho do organismo se divide em quatro eixos referentes à preservação e uso sustentável dos recursos naturais renováveis e a gestão do conhecimento e transferência tecnológica. A integração física e a competitividade regional e o fortalecimento institucional dessa organização completam o plano da organização amazônica. Arteaga especificou que a OTCA também está preocupada em discutir um maior controle do biocomércio e a definição de regras mais claras, em nível legislativo entre os países da organização, para proteger as riquezas e recursos naturais da Amazônia. (EFE 30/06)