Continua a polêmica sobre campo explorado pela Petrobras na Bolívia
2004-06-30
Um relatório oficial que deu razão à Petrobras sobre o valor pago pela empresa para explorar o campo de gás de San Alberto, no sul da Bolívia, provocou nesta terça-feira (29/06) o protesto dos sindicatos locais. O relatório do delegado presidencial para a Revisão da Capitalização das Empresas Estatais bolivianas, Francesco Zaratti, deu razão à Petrobras, que paga 18% para operar San Alberto, descoberto em 1990, percentual previsto para um campo novo na lei dos combustíveis. — San Alberto foi definido como campo novo, com base em um critério estritamente legal, porque no momento da promulgação da lei, durante a primeira administração de Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997), não estava em operação, lembrou Zaratti, alvo de duras críticas. Pela lei boliviana, os campos de gás em operação antes de 1997 e entregues a exploradores privados devem pagar 50% sobre direitos de produção. A Central Operária Boliviana (COB) exigiu a nacionalização imediata do campo de San Alberto, afirmando que ele já era explorado no início dos anos 90, antes da promulgação da lei dos combustíveis. — Todos devem defender a verdadeira nacionalização em benefício do país. Estão em jogo bilhões de dólares, disse o líder da COB, Jaime Solares. A Petrobras opera San Alberto desde o início da década de 90, quando pagava 50% em um contrato de risco, mas em 1997 se associou à Andina (40%), de capital boliviano e argentino, e à francesa Total (25%). O governo de Carlos Mesa se recusa a rever as concessões feitas em 1997, quando foram privatizadas várias empresas estatais, adquiridas por companhias de Brasil, Argentina, Espanha, Grã-Bretanha e Estados Unidos. O ex-senador populista Andrés Rada expressou um sentimento de profunda indignação pela lei de Sánchez de Lozada e pela conduta da Petrobras. — Não entendemos como o pessoal da Petrobras, que aceitou pagar 50% no contrato com o governo de (Jaime) Paz Zamora (em 1990), possa se beneficiar da nova lei, considerando que San Alberto não existia. Rada disse que isto faz pensar que o relatório de Zaratti está manipulado por empresas multinacionais.(AFP 29/06)