Inseminação artificial pode ajudar a salvar espécies da extinção, diz cientista
2004-06-26
Tratamentos de fertilidade usados em humanos, como inseminação artificial e fertilização in vitro, podem ajudar a preservar animais ameaçados de extinção, segundo um cientista americano. David Wildt, do Zoológico Smithsonian, em Washington, diz que o uso dessas técnicas já está tendo êxito em ursos pandas, chitas (guepardos) e mesmo furões. O cientista apresentou sua tese na conferência da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia, em Berlim, na segunda-feira (28/06). Tem se discutido o uso da clonagem genética para a preservação de espécies em perigo, mas as técnicas atualmente disponíveis são altamente ineficientes e de difícil aplicação no curto ou no médio prazo. A comunidade científica tem, portanto, se voltado para os tratamentos de fertilidade que já existem – a maioria deles desenvolvidos para humanos – para aumentar o número de exemplares de espécies ameaçadas. Parte dos 20 pandas gigantes que nasceram em cativeiro neste ano vieram ao mundo por técnicas de fertilização artificial. Pandas fêmeas só ficam férteis três dias por ano, mas o uso da inseminação artificial e a troca de esperma entre os centros de conservação (que permite a seleção do material genético) podem aumentar as chances de reprodução. — A inseminação artificial é uma técnica muito valiosa para lidar com pequenas populações – movendo genes de um local para o outro; até mesmo trazendo genes da natureza para que nós nunca mais precisemos, por exemplo, tirar um panda gigante da natureza, afirmou Wildt. Wildt diz que as tecnologias de reprodução artificial não são suficientes para conservar as espécies em perigo – que é preciso proteger os hábitats e as fontes de alimeto que são essenciais para a sobrevivência das espécies – mas argumenta que a aplicação dessas técnicas pode ajudar os cientistas a entenderem as dificuldades de reprodução dos animais. Foi durante o seu trabalho com tecnologias de assistência à fertilização que ele descobriu que 70% do esperma das chitas tem formação anômala, o que reduz dramaticamente a fertillidade. Com o uso da inseminação artificial e a seleção de espermas, mais animais podem nascer e, eventualmente, serem reintroduzidos na natureza. (BBC 26/06)