Divergências entre Coréia do Norte e EUA paralisam negociações
2004-06-24
Grandes divergências entre Washington e Pyongyang persistiram quinta-feira (24/06), durante a terceira rodada de discussões multilaterais em Pequim, quando a Coréia do Norte deixou sem resposta uma proposta americana para solucionar a crise criada por seu programa nuclear. Segundo um delegado sul-coreano, divergências importantes persistiram no final do segundo dia destas negociações, que reúnem também a China, Coréia do Sul, Japão e Rússia. O governo de Kim Jong-Il não deu resposta ao plano americano, que propõe um período preparatório de três meses antes de desmantelar seu programa, em troca do exame das necessidades econômicas do país e de garantias de segurança. A Coréia do Norte redefiniu o plano e propôs somente paralisar seu programa nuclear em troca de ajuda econômica, uma idéia da qual os Estados Unidos não querem nem falar. Norte-americanos e norte-coreanos tiveram uma entrevista bilateral durante mais de duas horas, segundo uma fonte sul-coreana. Em Tóquio, o secretário geral do governo nipônico, Hyroyuki Hosoda, declarou que na questão do enriquecimento de urânio, as duas partes não parecem estar de acordo. Os Estados Unidos acusam a Coréia do Norte de prosseguir um programa de urânio altamente enriquecido, o que Pyongyang insiste em negar. O Governo norte-coreano só reconhece a existência do reator de Yongbyon, que produz plutônio que poderia ser utilizado com fins militares. A China, país anfitrião das negociações, se mostrou favorável ao plano americano de sete páginas, cujos detalhes são desconhecidos publicamente. — O projeto americano é completo e detalhado, sua existência demonstra que as negociações avançam e que os Estados Unidos esperam encontrar uma solução para a crise, que começou em outubro de 2002, depois do anúncio de Pyongyang de continuar seu programa nuclear secreto, disse o porta-voz do ministério de Assuntos Exteriores, Zhang Qiyue. Por sua parte, o Japão declarou pela primeira vez que ajudará a Coréia do Norte se esse país realizar o desmantelamento nuclear. Para isso, o negociador japonês Mitoji Yabunaka exigiu a paralisação de todos os projetos nucleares da Coréia do Norte, que o regime de Kim Jong-Il explique esses programas e que sua paralisação seja comprovada com precisão. Segundo vários observadores, embora a Coréia do Norte queira conseguir ajuda econômica e petróleo, pode recusar a oferta do governo Bush, esperando tempos melhores se o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, John Kerry, for eleito em novembro.(AFP 24/06)