Bolívia pedirá compensação à Petrobras por campo de gás
2004-06-29
A Bolívia pedirá uma compensação às empresas Petrobras, Repsol YPF e Totalfinaelf depois de uma investigação que determinou que elas foram favorecidas ao receberem a concessão de um campo de extração de gás. A proposta é parte do relatório do delegado presidencial para a Revisão da Capitalização, Francisco Zaratti, sobre as supostas irregularidades acerca do campo de San Alberto, um dos maiores do país, com 330 milhões de metros cúbicos. O gás extraído de lá é exportado para Brasil e Argentina. Segundo o funcionário, a Petrobras, que controla 35% do campo, a Repsol-YPF, com 50% e a franco-belga Totalfinaelf, com 15%, foram favorecidas pelas autoridades na concessão de San Alberto. Na Bolívia, os campos antigos de gás pagam agora impostos de 50% do valor da produção, enquanto que os considerados novos, nos quais investiram as empresas, só remetem ao Estado 18%. San Alberto foi classificada nesta última categoria. Zaratti afirmou, entretanto, que quando a concessão foi dada às empresas, já se sabia que o campo possuía 1,13 milhão de metros cúbicos de gás, embora essa reserva tenha sido aumentada pelos investimentos das empresas. Zaratti disse que, em seu relatório, recomenda ao Estado negociar um acordo para que as empresas reconheçam que, quando a concessão lhes foi dada na década passada, o campo já possuía reservas, ou seja, não era novo. Nesse acordo, poderia-se negociar com a Petrobras e suas parceiras de investimento uma compensação de metade do 1,13 milhão de metros cúbicos que o campo já possuía, segundo a investigação. Ele ressaltou que um dos objetivos do governo na época, durante o primeiro mandato de Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997), foi atrair investimentos ao país. Por isso, teria fornecido condições favoráveis às empresas. As recomendações foram entregues ao presidente da Bolívia, Carlos Mesa, que pediu no dia 18 de maio investigações sobre as denúncias de setores políticos e sociais, que afirmam que as empresas que operam em San Alberto foram favorecidas.(EFE 28/06)