Enquanto o Brasil titubeia, África do Sul bane o amianto
2004-06-29
A exposição ao amianto é comprovadamente uma forma de morte lenta e invisível, tal qual uma crônica de morte anunciada. Seria apenas uma peça literária de ficção se não fosse uma espécie de epidemia que ameaça geração após geração. Enquanto alguns países ainda ficam querendo tapar o sol com a peneira, ou seja, adotar medidas paliativas, como permitir a extração do amianto para exportação e proibir o uso doméstico desse composto, outros firmemente dizem não à continuidade desse risco. O Brasil parece estar seguindo os passos do Canadá, adotando a proibição local, mas permitindo a exposição de trabalhadores nas minas de asbesto, com fins exportadores. É como se existissem dois tipos de seres humanos: os que podem e os que não podem ficar expostos. Em contrapartida, a África do Sul, bem mais pobre que o Canadá e mais pobre que o Brasil, chegou à conclusão de que não é mais possível matar seus trabalhadores deste jeito. Lá são 7 mil vítimas do amianto azul (entre trabalhadores e população contaminada ambientalmente). Mais do que a proibicao da exploracao em seu território, o país anunciou, no último dia 21 de junho, o banimento da chamada poeira assassina ou crisotlia. Isto apesar dos protestos da indústria mineradora do Zimbabwe, que fica sem o seu maior cliente, neste caso.