O governo de Israel aprovou domingo (27/06), a distribuição de pílulas contra a radiação nuclear para cerca de 100.000 habitantes de quatro cidades próximas aos dois reatores nucleares. A decisão foi aprovada pelo Conselho de Ministros israelense, presidido por Ariel Sharon, em sua habitual reunião semanal dos domingos. Trata-se dos povoados de Dimona, Yeruham, Arai e Yavne, localizados nas proximidades dos reatores nucleares no deserto meridional do Néguev, na central nuclear que opera ao sul de Jerusalém, sobre o rio Sorek, aparentemente destinado a pesquisas de caráter civil. A recomendação de distribuir a pílula Lugol a todos os habitantes foi feita pelas autoridades militares a cargo da defesa civil, após um exercício realizado há dois meses para colocar em funcionamento o dispositivo previsto em caso de um ataque contra esses reatores ou um acidente. O pessoal treinado para resistir a uma situação de perigo como essa levou uma média de duas horas, um tempo considerado muito longo para evitar o risco. O jornal Maariv informou que os prefeitos de três das quatro cidades e seus habitantes estão indignados e perguntam por que após 50 anos irão nos dar essas pílulas e por que não fizeram isso antes. — A decisão não reflete sob nenhuma circunstância um temor concreto (de nossa parte) quanto à situação da segurança dos reatores, assegurou Mofaz diante seus colegas do Conselho de Ministros para rejeitar rumores sobre o temor de um acidente. — A possibilidade de um acidente - acrescentou - são muito baixas mas devido ao fato de ser importante começar qualquer tratamento o mais rápido possível, pensamos que a melhor forma de acelerar sua administração à população é mediante sua distribuição (agora) às casas. Mofaz também disse para dissipar as críticas que comprimidos similares são distribuídos nas mesmas circunstâncias em países como Estados Unidos, China, Irlanda, Suécia e Suíça. A decisão do governo israelense coincide com declarações hoje do diretor da Agência Internacional para a Energia Atômica, o egípcio Mohamed El Baradei, nas quais solicitou a Israel começar negociações para desarmar o Oriente Médio de armas nucleares. El Baradei é esperado em Israel no próximo mês de julho e de Moscou assegurou que o principal tema a ser discutido será a ambigüidade estratégica deste país. Israel nunca reconheceu a posse de armas nucleares nem permite a inspeção do reator de Dimona, construído na década do cinqüenta como um estabelecimento industrial com a cooperação tecnológica e financeira da França e da Alemanha. Em 1986 o chamado espião atômico Mordechai Vanunu, ex-técnico do reator de Dimona, que no mês passado foi solto após 18 anos de prisão, revelou muitos de seus segredos a um jornal de Londres, e especialistas britânicos calculam que Israel possua cerca de 200 artefatos nucleares. Fontes do aparelho de segurança israelense, ouvidas pelo rotativo de Tel Aviv, sustentam que apesar da decisão de distribuir as pílulas de Lugol, o perigo da radioatividade nuclear em Israel é nulo e só poderia acontecer em caso de acidente. (EFE 27/06)