Precisamos investir pesado em energia renovável, diz cientista de Yale
2004-06-21
Em entrevista James Gustave Speth, cientista americano da Universidade Yale, alerta que negligência com meio ambiente atingiu ponto crítico.
PROVOCAR MEDO NAS PESSOAS E NÃO TRAZER FATOS OU PESQUISAS NOVOS TEM SIDO A ESTRATÉGIA DOS AMBIENTALISTAS. ELA ESTÁ FUNCIONANDO?
Está. Na verdade não precisamos de fatos novos. Danos irreversíveis já foram feitos ao planeta, eles são conhecidos. A hora, agora, é de ação.
O QUE PODE SER MUDADO IMEDIATAMENTE PARA MELHORAR NOSSAS CHANCES DE TER UM FUTURO AMBIENTAL MELHOR?
O tópico número 1 de minha lista é adotar amplamente sistemas de transporte eficientes. O segundo é investir pesadamente em energia renovável.
OS ESTADOS UNIDOS NÃO ASSINARAM O PROTOCOLO DE KIOTO, O PRINCIPAL TRATADO INTERNACIONAL SOBRE PROTEÇÃO AMBIENTAL. QUAIS AS CONSEQÜÊNCIAS DISSO?
Essa atitude será vista como um dos piores erros de política pública de nossa era. Ao abandonarem o acordo de Kioto, os Estados Unidos abandonaram o mundo.
ONDE A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA ESTÁ MAIS DESENVOLVIDA?
Os europeus estão à frente nas áreas de clima, por obedecer ao Protocolo de Kioto. Eles estão à frente nas áreas de reciclagem, de impostos relacionados ao meio ambiente, de testes de produtos químicos tóxicos e de energia renovável.
O CRESCIMENTO POPULACIONAL É UMA AMEAÇA AO MEIO AMBIENTE?
Sim, pois pressiona pela ampliação das áreas dedicadas à agricultura e à pecuária num mundo onde já vemos o plantio abocanhar boa parte das florestas que ainda restam.
AS POLÍTICAS DE CONTENÇÃO DO CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO FUNCIONAM?
Sim. As mulheres têm mais controle sobre seu corpo e os governos estão ajudando com programas de educação e serviços de planejamento familiar.
O QUE O CIDADÃO COMUM PODE FAZER NO DIA-A-DIA PARA MELHORAR O MEIO AMBIENTE?
Muita coisa. A internet nos permite achar em segundos qual o computador ou a geladeira que consome menos energia e o carro que gasta menos combustível. Já é alguma coisa.
O QUE O FUTURO RESERVA PARA A FLORESTA AMAZÔNICA?
Incertezas. Os índices de desflorestamento nunca foram tão altos. Há algumas boas iniciativas no sentido de criar áreas de preservação na Amazônia, mas é preciso ir além. (Veja)