Descaso com as vítimas vai da prefeitura ao Ministério Público
2004-06-21
O prefeito de Paulínia falou bem ao depor na Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados, em 25 de abril de 2001. Os ex-trabalhadores da Shell, no ofício enviado nesta terça-feira (15/06) à promotora do trabalho, Márcia Cristina Kamei Aliaga Lopes, transcrevem o trecho do depoimento do prefeito Edson Moura, naquela ocasião: — É importante salientar também que tomamos a iniciativa de fazer um plano de ação para proceder aos exames na população, o que agora já iniciamos. Estabelecemos um cronograma para que isso aconteça. Há a determinação não só de fazer os exames, mas também de estabelecermos um cronograma para eles. Colocamos toda a Vigilância Sanitária e a Secretaria da Saúde à disposição da população, fazendo acompanhamento dia e noite. Porém, segundo o documento protocolado no Ministério Público do Trabalho, nada disso aconteceu e, em 10 de setembro do ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde de Paulínia disse, em reunião com os ex-trabalhadores, que os exames só seriam feitos após avaliações nos ex-moradores do Recanto dos Pássaros. Esta declaração foi colocada em reunião com os ex-trabalhadores e o pessoal da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual de São Paulo. Mas não apenas o município está cego, surdo e mudo às vítimas. A Unicamp também foi solicitada a ajudar. Os ex-trabalhadores pediram socorro ao Hospital Universitário da Unicamp, por ofício à Reitoria daquela universidade, em 14 de dezembro de 2001, voltando a fazê-lo em 10 de abril do ano passado. Todas as tentativas de pedido dos exames – que a Shell se nega a fazer – já passaram também pelo Ministério Público do Trabalho, Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e Coordenadoria Regional de Saúde do Trabalhador.