Ex-trabalhadores da Shell em Paulínia estão desde 2001 sem resposta
2004-06-21
Andando em círculos para terem o direito de receber atendimento médico adequado do SUS depois de passarem anos trabalhando sob exposição de agentes cancerígenos, 846 ex-trabalhadores da Shell de Paulínia (SP) mobilizaram-se mais uma vez no último dia 15, protocolando ofício no Ministério Público do Trabalho da 15ª Região, dirigido à procuradora Márcia Cristina Kamei Aliaga Lopes. O que está acontecendo neste caso é mais uma prova viva de que os crimes ambientais cometidos acabam sempre se voltando contra pobres que são engolidos pela burocracia juntamente com a doença, restando, no final, apenas uma burocracia que se alimenta da própria doença e do descaso. O ofício, assinado pelos ex-funcionários da Shell Antônio de Marco Rasteiro, Francisco Tavares Gomes e Mauro Bandeira de Torres, afirma que os ex-funcionários da companhia, em Paulínia, não têm, até agora, ou seja, desde 2001, quando fizeram o primeiro pedido, informações da caracterização de exposições tóxicas ambientais e ocupacionais ocorridas naquela região, onde fica o Recanto dos Pássaros. Até agora, continuam adoecendo e morrendo pessoas e ex-trabalhadores por doenças crônicas. Pior que ficar sem informação, os ex-trabalhadores não conseguem atendimento do SUS. — Quando conseguimos, ele chega tarde demais e sem a especificidade necessária, dizem. Os requerentes alegam que tal atendimento, ágil e específico, foi, no entanto, disponibilizado para vítimas da Shell na Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias (RJ), outra área empestada pela herança da produção química inescrupulosa.