Bioplástico não compete com polímero convencional, dizem cientistas
2004-06-21
A viabilização do bioplástico enfrenta problemas ainda não resolvidos. O maior deles, conforme a bióloga Heique Bogdawa da UFRGS, é o alto custo. — Essas empresas que produzem o plástico petroquímico poderiam patrocinar pelo menos a pesquisa básica. O problema é que a maioria dos empresários quer ver o plástico pronto e em altas quantidades, além de barato, diz ela, que sugere uma mudança de mentalidade por parte do empresariado. — As universidades não conseguem andar tão rápido quanto às empresas. A competitividade é grande nesse ramo, afirma. Heique, no entanto, descarta a idéia de uma possível substituição pelo bioplástico. — O plástico biológico não vem para competir. Seria impossível financeiramente substituir tudo, embora já existam empresas estrangeiras que adicionem no plástico petroquímico um polímero biodegradável, revela ela. O deputado estadual, Giovani Cherini (PDT), acredita piamente que um dia o plástico biológico venha a dominar o mercado. Tanto que resolveu contribuir para isso, ainda que de maneira utópica. Protocolou um Projeto de Lei (119/2004) em fevereiro último que prevê a substituição das atuais embalagens pelo plástico feito a partir da cana-de-açúcar. Mês passado, o texto sofreu alterações. Cherini, considerando o projeto como sendo muito radical, ampliou o prazo para que as indústrias se adaptem à lei. Agora, de acordo com o PL, as indústrias terão um prazo de seis anos e não mais de quatro anos, para se adequarem à nova lei, caso esta venha a ser aprovada. Bonatto é cético quanto sua viabilidade. — O bioplástico não é viável comercialmente nem a médio prazo, decreta ele, que paralisou suas pesquisas a mais de um ano em decorrência da falta de dinheiro. Para o cientista da UFRGS, é impossível imaginar seu uso em larga escala, principalmente pela demanda atual. O fornecimento de matéria-prima para produção é outro embuste. — No caso da cana-de-açúcar, não há como suprir essa demanda. Conforme Bonatto, nem em países desenvlvidos onde as pesquisas são mais avançadas existe algo de concreto em escala industrial. (Jornal JÁ)