Desenvolvido logo após a segunda guerra, o plástico teve a partir da década de 60 sua produção alavancada. Da década de 1970 para cá a indústria brasileira vem produzindo uma infinidade de embalagens plásticas com características específicas para cada tipo de produto. O problema é dar destino adequado ao que sobra de tudo isso. O consumo brasileiro per capita é de quinze quilos por ano, mas o número deve aumentar muito. Prova disso é freqüentemente encontrada nas ruas, parques, rios, poluindo o ambiente. Além da reciclagem, uma das solucoes apontadas para o problema é o bioplástico. Na tentativa de viabilizar o bioplástico, correm contra o tempo poucos pesquisadores espalhados pelo país. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalham dois: Diego Bonatto e Heique Bogdawa. A segunda, hoje concluindo doutorado em Bioquímica na Suíça, tenta esclarecer a rota metabólica da cana-de-açúcar pela qual um substrato qualquer adicionado, como carboidratos ou ácidos graxos, são convertidos em bioplástico durante sua levedura. O processo, segundo ela, é complicado e demanda tempo e recursos financeiros para finalizá-lo. A Copersucar, de Piracicaba (SP) lhe dá apoio na parte prática da cultura de tecidos da cana, mas não financeiro. Algumas bactérias possuem a característica de produzir resinas, acumulando-as como reserva energética, quando alimentadas com açúcar, arroz ou qualquer resíduo agrícola. Os cientistas da UFRGS conseguiram isolar o fator genético que faz com que as bactérias produzam uma resina que podem substituir os polímeros petroquímicos, necessários para produzir o plástico. O resultado é mais vantajoso do ponto de vista ambiental, pois se biodegrada em cerca de cem dias, ao contrário do plástico convencional que pode demorar séculos para se decompor. O objetivo agora, explica Bonatto, é explorar ao máximo a biodiversidade microbiana de solos, pesquisar organismos que naturalmente não produzem o plástico e por meio da engenharia genética fazê-los produzir. (Jornal JÁ)