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2004-06-21
De um lado, o Protocolo de Cartagena, criado em 1995 para garantir a segurança da biodiversidade e dos seres humanos em relação aos alimentos transgênicos; de outro, organismos comerciais e empresas multinacionais que desejam rapidamente beneficiarem-se dos lucros que tais organismos geneticamente modificados (OGM) possam causar. O mundo, conforme mostrou o seminário Comércio Internacional de OGM, ainda tem muitas dúvidas e nenhum consenso sobre o assunto.

O seminário, último a ocorrer durante a 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, a Unctad, deu uma pequena amostra da quantidade de divergências que existem entre os vários organismos que trabalham com o assunto. Desde a organização religiosa Holy See (Olhar Sagrado, em tradução livre), representada pelo pontífice J. Reinert, até instituições científicas, econômicas, de biosegurança e o próprio secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero, todos apresentaram suas posições sobre o assunto.

A Embrapa, por exemplo, representada pelo diretor do departamento de pesquisas Eugênio França, mostrou o quanto o Brasil ganha e quantos milhões de reais poderia perder caso deixasse de lado a produção de transgênicos. O representante da Comissão Econômica para América Latina e Caribe, a CEPAL, César Morales, advertiu para os riscos para a perda da biodiversidade nos países em que os transgênicos são desenvolvidos. — Um hectare da floresta amazônica tem mais biodiversidade do que a Europa inteira. Somente no Brasil vivem 7,4% de todas as espécies do mundo, revelou. Ambientalistas defendem que o gene desenvolvido em laboratório acabará exterminando espécies naturais, uma vez que sobreviverá com maior facilidade.

Presente também no seminário, o professor da universidade norte-americana de Harvard, Calestous Juma, questionou o uso dessa tecnologia para fins que não tragam benefícios reais. Citou, como exemplo, um grande debate que existe hoje na Califórnia, onde foram desenvolvidos peixes ornamentais que brilham no escuro. Reinert, da entidade religiosa Holy See, afirmou que ainda não tem opinião fechada sobre o assunto. (Agência Brasil, 17/06)

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