Produtor do DF destaca métodos naturais contra intoxicações
2004-06-18
Em 75 hectares de sua propriedade no Distrito Federal, Joe Carlo Valle produz mensalmente duas toneladas de frutas, 12 mil litros de leite, quatro mil dúzias de ovos e 20 toneladas de hortaliças. Presidente do Sindicato dos Produtores Orgânicos, ele conta que há 18 anos mudou seus métodos e conceitos agropecuários não apenas pensando em um novo mercado: o engenheiro florestal sofreu uma intoxicação, resultante da aplicação de produtos químicos em sua lavoura, e converteu-se ao trabalho economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo. O produtor lembra que a pecuária orgânica no Brasil ainda trabalha apenas com bovinos, embora tenhamos potencial e espaço para os rebanhos de ovinos e caprinos. O problema, acrescenta, são os altos custos das pesquisas, embora a Embrapa desenvolva um papel importantíssimo. Joe Carlo Valle destaca ainda que, ao contrário da agricultura convencional, o cultivo orgânico começou da base para a pesquisa, mas já está alterando as indústrias químicas e de máquinas, com o desenvolvimento de produtos limpos e que não causem desemprego no campo – temos de buscar soluções, caso contrário vamos morrer abraçados.
Sobre os consumidores, recorre a pesquisa divulgada no ano passado para comentar a inversão de prioridades no Brasil e nos países desenvolvidos. — Aqui, as pessoas priorizam a saúde pessoal, da família, e os cuidados com o meio ambiente, enquanto no mundo desenvolvido esta ordem é literalmente inversa, diz o sindicalista. A questão, para ele, não é pensar apenas na agricultura como um bom negócio. No Brasil há 70 mil intoxicações por ano, das quais 80% por agrotóxicos. — Isto causa um grande impacto na saúde pública e nos gastos do País. E para cada caso relatado, cinco outros não chegam ao conhecimento das autoridades, pois as pessoas nem tratam como uma possível doença, alerta o produtor. A preocupação, conclui, deveria ser de toda a sociedade, pois nós pagamos estes custos. (Agência Brasil, 17/06)