O cantor e compositor Guilherme Arantes não hesitou em trocar o conforto da sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, por 230 mil metros quadrados de manguezal em Camaçari, na Bahia. Foi há quatro anos, depois de uma passagem por Salvador com seu show Planeta Água, quando se interessou pelo projeto desenvolvido em parceria pelas empresas do pólo petroquímico de Camaçari e a prefeitura do município. Hoje, aos 50 anos, com cinco filhos e uma reputação consolidada como músico, Arantes mantém um estúdio, uma pousada e uma escola no km 33 da Estrada do Côco, na região baiana adotada por ele. Presidente do Instituto Planeta Água, supervisiona de perto todas as atividades da ONG, desenvolvidas principalmente junto à comunidade de baixa renda da periferia de Camaçari.— Saí da Barra da Tijuca - um lugar que infelizmente está se transformando em um depósito de excrementos gerados pela urbanização descontrolada - para viver numa área paradisíaca, onde existe vegetação exuberante, animais que vão de pássaros a cobras e, principalmente, um projeto ambiental com ótima receptividade entre os adolescentes que freqüentam nossa escola, contou o músico aos 250 participantes do II Seminário de Atuação Responsável da Regional Sul, realizado ontem (15/06), na Fiergs. Filho de médico e criado em São Paulo, Arantes ainda se considera uma espécie de extra-terrestre no novo ambiente. — Hoje, o tema Planeta Agua foi adotado até pela CNBB, mas quando compus a música não imaginei que me traria um resgate tão forte do meu lado pró-biológico, diz ele. Na escola, além de educação ambiental, aulas de história, reciclagem e artesanato para adolescentes carentes, também estão sendo alfabetizados 180 adultos, moradores da Barra do Jacuípe. O próximo projeto é ampliar a procriação de peixes como o robalo, o sururu, a lambreta e vários tipos de caranguejos, que estavam quase extintos no local. — E a música continua, acrescenta Guilherme Arantes, que deve lançar um novo CD em breve.