Agência internacional propoe energia nuclear contra efeito estufa
2004-06-11
A Agência de Energia Nuclear, com sede em Paris, insiste que, para tornar o mundo mais livre dos chamados gases de efeito estufa (principalmente o gás carbônico, ou CO2, que segundo pesquisas leva à elevação da temperatura média do planeta), este tipo de energia precisa corresponder a entre 20% e 25% do total da energia gerada no mundo. Atualmente, este número é de 6%. Ambientalistas, no entanto, afirmam que a construção de mais 300 ou 400 usinas nucleares no mundo, o necessário para este índice ser atingido, é perigosa e pode provocar desastres sem precedentes caso o lixo proveniente dessas usinas contamine acidentalmente o meio ambiente ou caso elas sejam alvos de atentados. O debate entre a comunidade científica sobre as mudanças climáticas esquentou após as declarações do renomado cientista britânico James Lovelock de que apenas a energia nuclear seria capaz de salvar o mundo do aquecimento global. O assunto deve ser um dos pontos centrais do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado pela ONU neste sábado. — É preciso ter muito cuidado ao se falar em expansão nuclear. É certo que a energia é limpa, mas o lixo fica ativo por mais de 200 mil anos, diz Emily Armistead, especialista em mudanças climáticas do Greenpeace. — Sem falar que as usinas, especialmente às de países com segurança instável, podem ser explodidas em ataques afetando a saúde de milhões de pessoas, acrescenta. A Agência de Energia Nuclear discorda do Greenpeace e afirma que já há tecnologia suficiente para isolar o lixo nuclear da bioesfera. — Em cada conta de energia paga pelo consumidor, é preciso ter uma taxa extra só para os cuidados com o lixo, diz Evelyne Bertel, diretora da divisão de desenvolvimento da agência. Para Bertel, a questão da segurança das usinas deve caber aos ministérios da Defesa de cada país, que devem trabalhar para preservá-las de criminosos. — E a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) deve continuar trabalhando para fiscalizá-las garantindo que nenhum material ilícito (como bombas atômicas) seja produzido lá, afirma a diretora da agência. — A energia nuclear pode ajudar muitos países a produzir menos gases de efeito estufa, argumenta. (BBC)