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2004-06-11
Para se ver o que o homem está aprontando contra ele mesmo na sua compulsão suicida; para se constatar os estragos que foram ou estão sendo perpetrados contra o meio ambiente, o melhor lugar talvez seja o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental que há seis anos se realiza em Goiás Velho, ou melhor, Cidade de Goiás, como preferem seus habitantes, que aliás são chamados de vilaboenses, por causa de Vila Boa, nome original do lugar de onde escrevo. Do VI Fica, que é um dos quatro mais importantes festivais do gênero no mundo, participaram 48 países, com 222 obras inscritas, das quais 29 foram selecionadas para a competição oficial, que distribuiu R$ 240 mil em prêmios, os mais altos da América Latina. Além da mostra principal e a de filmes brasileiros contemporâneos, houve cursos, oficinas e palestras com o diretor Walter Lima Jr., o fotógrafo Dib Lutfi, os críticos Ismail Xavier e Sérgio Rizzo, o psicanalista Horus Vital Brasil, entre outros. Nos seis dias do evento, passaram pela cidade cerca de 180 mil pessoas. A importância internacional do festival ficou evidenciada este ano pela presença de Coração de Chernobil, que após ganhar o Oscar 2004 de melhor curta-metragem documental, dispôs-se a participar do VI Fica como competidor - e acabou não levando prêmio algum. À primeira vista, pode parecer uma pretensiosa impertinência do júri: negar-se a referendar o que Hollywood consagrou. Na verdade, trata-se de um gesto corajoso de justiça. Chernobyl Heart é uma boa idéia de documentário e um libelo importante contra os responsáveis por uma das piores tragédias ambientais produzidas pelo homem. Mas a diretora americana errou na mão e, por pieguice e sensacionalismo, transformou o filme num circo de horrores. As anomalias e deformações de crianças atingidas pela radiação são exibidas com uma crueza tão sádica que, por insuportáveis, causam mais repulsa do que indignação - sem falar no que médicos americanos estão realizando com as vítimas do desastre, um trabalho digno de admiração, mas que é exaltado como se, através dos sobreviventes de Chernobil, eles estivessem salvando também o mundo. O país que tentou impedir a divulgação das fotos e vídeos das torturas em Abu Ghraib não tem o menor pudor em expor essas imagens teratológicas. O ganhador do Grande Prêmio Cora Coralina (R$ 50 mil), o sueco Surplus (Supérfluo), de Erik Gandini, é uma denúncia do consumismo, isto é, dos padrões de produção e consumo adotados pelos países ricos, o que faz com que um quinto da população mundial consuma quatro quintos dos recursos do planeta Terra e produza 86% de todo o desperdício. Através de uma montagem ágil e criativa, o documentário tem o mérito de fazer rir. Acredita mais no humor do que no ranger de dentes, quando, por exemplo, mostra Bush encorajando os americanos a comprar mais e uma garota cubana declarando seu amor por um Big Mac. O júri justificou sua escolha pela linguagem usada, mas também pelo tema, ausente da grande mídia, mal explorado na literatura e de fundamental importância para que se entendam as causas do impasse civilizatório que nos atinge a todos, indistintamente, nos dias de hoje. Impasse civilizatório, aliás, é o que mais se viu no VI Fica. Primeiro, e mais evidente, o de uma ordem mundial cujo modelo econômico parece só admitir dois pólos antagônicos: carência de um lado e excesso de outro, privação e opulência. E um abismo no meio, que é tanto mais largo e profundo quanto maior é o desenvolvimento da parte que tem de sobra, em detrimento da que nada tem. Mas há também um impasse nas denúncias: o que fazer? Qual a solução? Qual a alternativa? Depois de ver vários desses filmes, sai-se às vezes com a sensação de que a impotência venceu a indignação. Entrevistado, um líder dos movimentos antiglobalização propõe, depois de se manifestar cansado de passeatas e atos simbólicos, a volta à Idade da Pedra, ou seja, quebrar tudo, como tentaram fazer em Seatle, Gênova ou qualquer outro lugar em que houver reunião de cúpula dos donos do mundo. Estes acreditam que podem sair do impasse discutindo a reforma do capitalismo nesses encontros; os jovens iracundos parecem achar que acabando com elas acabam com o capitalismo. São dois becos sem saída. — O consolo, segundo um desses bravos militantes da antiglobalização, é que podemos não acabar com o capitalismo. Mas tentamos.(Zuenir Ventura 08/06/2004)

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