Brasil garantiu hidrelétricas entre as renováveis em Bonn
2004-06-08
Mesmo representando o grupo de países (América Latina e Caribe) que realizou a primeira reuniao preparatória (Outubro de 2003) para a Cúpula de Bonn, o Brasil teve pouco destaque durante o evento. Vários fatores contribuíram para isso. A falta de sintonia com os organizadores, que apostam no futuro de fontes de energia como a solar, a eólica e a biomassa, foi o principal deles. Dessintonia evidenciada na proposta teimosa, de incluir a geracao hídrica no conceito de renovável apresentada pelo governo brasileiro. — As energias renováveis abriram perspectivas de desenvolvimento em regiões aptas para sua exploração, já que permitem um aproveitamento ecológico de seus enormes recursos naturais, discursou a ministra Dilma Rousseff. — Em grande parte da América Latina, já se alcançou 14,7% de consumo energético gerado por fontes renováveis e o objetivo é seguir adiante nesse processo, completou ela, incluindo no percentual citado a geracao elétrica de usinas como Itaipú. O Brasil foi o principal defensor, juntamente com Uganda, África do Sul, Etiópia, Senegal e China, da inclusao das grandes hidrelétricas como fonte de geracao renovável. Dilma ganhou a parada. A geracao hídrica foi incluída na definicao de energia renovável da declaracao política do evento. Mas ainda nao se sabe quais os efeitos práticos dessa vitória. O objetivo dessa proposta era garantir a possibilidade de disputar os financiamentos anunciados durante o evento para as fontes renováveis. O Banco Europeu anunciou recursos de US$ 840 milhoes para o setor nos próximos cinco anos, metade disso fora da Uniao Européia. Já o Banco Mundial garantiu que até 2010 estará financiando US$ 400 milhoes em projetos renováveis anualmente. Contudo ainda nao estao definidas as regras para a obtencao desses recursos. — O potencial para geracao hídrica da América Latina é conhecido, mas instituicoes multilaterais apresentam forte relutância em financiar esse tipo de projeto por conta dos potenciais problemas ambientais e de impacto social, antecipa o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Enrique Iglesias. Já o representante do Banco Mundial, Peter Woike, dá um outro enfoque para a questao: — As barragens serao construídas com ou sem o apoio de instituicoes multilaterais, mas provavelmente os impactos sócio-ambientais sejam maiores sem a participacao dessas instituicoes.