Definida pelas ONGs ambientais e sociais da Argentina e Paraguai como o maior monumento à corrupção de ambos países, a Usina Hidrelétrica de Yacyreta impactou 30 mil famílias. Segundo dados da ONG argentina Fundacion Proteger, apenas 0,62 % dos peixes essenciais ao rio Paraná conseguem escalar o elevador da usina para garantirem a reprodução da espécie. O fracasso da obra está refletido na diminuição drástica de espécies de valor comercial e na quase extinção da atividade pesqueira das comunidades ribeirinhas. Em entrevista exclusiva, Jorge Cappato, diretor geral da Fundacion Proteger, uma das ONGs que acionaram a Defensoria Pública, afirmou que se o lago subir mais 7 metros, indo para a cota 85, a população atingida vai superar 50 mil famílias. As maiores preocupações de entidades como a Proteger estão nos impactos sociais e ambientais que quase sempre não são compensados de maneira justa. - As 30 mil famílias impactadas por Yacyreta, a maioria do Paraguai, foram relocadas para casas de má qualidade; muitas delas são inabitáveis, denuncia o ambientalista. Uma comunidade que tirou por muitas gerações o sustento da pesca e da argila do rio Paraná encontra-se hoje doente, vivendo em casas de má qualidade e sem emprego. - Ao tentar elevar o nível do lago de 76 metros, para 83 metros acima do nível do mar, a Entidade Binacional Yacyretá ignora e passa por cima das autoridades nacionais, comenta Cappato. O ambientalista não deixou de lembrar da represa de Tucuruí, no Pará, Brasil. Para ele, - Yacyretá, assim como a represa de Tucuruí, constitui um dos piores exemplos do mundo e por mais energia que produzam, nunca, jamais poderão pagar a dor, o sofrimento e os danos ao meio ambiente e às famílias atingidas.