Pesquisa aponta presença de substâncias tóxicas na poeira doméstica
2004-06-04
Pesquisas lançadas na quarta-feira (02/06) mostram que a poeira coletada em casas de quatro importantes cidades brasileiras, em gabinetes de deputados federais e senadores e no prédio do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília (DF), contêm quantidades significativas de substâncias químicas perigosas, algumas ligadas, inclusive, ao câncer. O relatório Substâncias Químicas Tóxicas na Poeira de Lares e de Ambientes de Trabalho no Brasil” da Campanha Veneno Doméstico do Greenpeace, revela que as casas e escritórios pesquisados estão contaminados por substâncias químicas que são utilizadas na fabricação de utensílios domésticos utilizados diariamente pelos consumidores, como tecidos, televisões, cosméticos e brinquedos.
Em uma conferência de imprensa realizada em Brasília, a organização ambientalista pediu novas leis a fim de proteger o meio ambiente e os cidadãos dos perigos dessas substâncias químicas escondidas. Com o Pronasq - Programa Nacional de Segurança Química sendo discutido e desenvolvido pela Conasq - Comissão Nacional de Segurança Química, a organização pede à comissão que não deixe escapar a oportunidade de propor medidas adequadas para substituir essas substâncias perigosas por alternativas não tóxicas. Quatro amostras de poeira foram coletadas pelo Greenpeace em 50 residências nas cidades de São Paulo (SP), de Campinas (SP), do Rio de Janeiro (RJ) e de Porto Alegre (RS). Outra amostra foi coletada em seis gabinetes de deputados federais e de dois senadores. Uma sexta amostra foi coletada em diferentes andares e diversos ambientes do prédio do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília. As seis amostras foram posteriormente enviadas para análise ao laboratório TNO, na Holanda. As análises revelaram quantidades significativas de um grupo de 10 substâncias tóxicas: - alquilfenóis, disruptores hormonais usados em cosméticos e outros produtos de higiene pessoal;
- ftalatos, que são prejudiciais ao sistema reprodutor e são usados principalmente para tornar o PVC maleável, encontrado em brinquedos, interiores de carros e cabos. Também é usado em perfumes e cosméticos, tintas, adesivos e vedadores; - retardadores de chama bromados, que interferem nos hormônios, usados como substâncias que retardam a propagação do fogo;
- parafinas cloradas, que podem causar câncer, usadas em tintas, plásticos e borrachas;
- organoestânicos, substâncias tóxicas ao sistema imunológico e usados como estabilizadores em plásticos (especialmente em PVC) e como tratamento contra mofo e poeira (ácaros) em alguns carpetes e pisos de PVC; - bifenilas policloradas (PCBs), que podem causar problemas nos sistemas imunológico e reprodutor e são usadas em transformadores elétricos e capacitadores;
- hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), que são potencialmente carcinogênicos e mutagênicos são subprodutos da combustão incompleto de materiais orgânicos, tais como carvão, combustíveis a base de petróleo, lixo doméstico, etc;
- pesticidas organoclorados que causam uma variedade de problemas de saúde;
- pesticidas organofosforados;
- pesticidas piretróides.
(Com informações do Greenpeace)