Moscou volta a criar objeções à ratificação do Protocolo de Kyoto
2004-06-03
O Kremlin recuperou suas objeções à ratificação do Protocolo de Kyoto sobre gases de efeito estufa e, contrariando suas recentes promessas à União Européia, assinalou que é incompatível a ratificação com os interesses da Rússia. Passados apenas 10 dias da Cúpula Rússia-União Européia, na qual o presidente Vladimir Putin se comprometeu a avançar a passos firmes rumo à ratificação do Protocolo de Kyoto, o Kremlin voltou atrás e renovou suas críticas a este documento internacional. — O Protocolo de Kyoto é incompatível com os interesses da Rússia e também com os interesses de longo prazo dos países que o ratificaram e se comprometeram a aplicá-lo, afirmou, ontem (02/06), o conselheiro do presidente Putin sobre assuntos econômicos, Andrei Ilarionov. A Rússia é um dos países cujas atividades mais pesam na geração de gases de efeito estufa. Em 21 de maio último, por ocasião da Cúpula de Moscou, Putin quis responder ao apoio da União Européia à entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC) com uma promessa vaga de que Moscou ratificaria o protocolo. O documento foi assinado em 1997 por mais de 180 Estados e, até março de 2004, um total de 121 países o haviam ratificado. A indústria russa é responsável por 17,4% das emissões de gases de efeito estufa do planeta. O Protocolo de Kyoto só entrará em vigor quando tiver sido assinado por um total de países que representem, juntos, mais de 55% das emissões desses gases (especialmente dióxido de carbono e metano), segundo os valores de emissão vigentes em 1990. Até agora, os países que ratificaram o protocolo somam 44,2% dessas emissões. (El Mundo)