CRISE HÍDRICA NO ESTADO DE SP É A PIOR DESDE 1965
2001-08-16
A disponibilidade hídrica para o abastecimento da Grande São Paulo e dos municípios que compõem a Bacia do Rio Piracicaba e Jundiaí foi avaliada como a mais crítica desde 1965 (quando foi criado o Sistema Cantareira) e, se os níveis dos rios continuarem baixando no ritmo atual, em novembro não haverá água. A situação é extremamente crítica, avaliou o superintendente da unidade de produção de água Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Edson Airoldo, durante reunião do Grupo Técnico de Monitoramento Hidrológico do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. O Sistema Cantareira, conjunto de reservatórios naturais localizados na região de Bragança Paulista e Nazaré Paulista, está com apenas 23,1% de sua capacidade, o que significa uma reserva de apenas 179 milhões de metros cúbicos de água. Em períodos fora da estiagem, a reserva é de 774 milhões de metros cúbicos. O Sistema abastece tanto a Grande São Paulo quanto a Bacia do Piracicaba, onde vivem pelo menos 3 milhões de habitantes em 48 cidades da região de Campinas. Os técnicos estão contando com a possibilidade de chuvas a partir de meados de setembro para evitar o extremo de um racionamento generalizado. Mas os municípios da região de Campinas querem mais água, com liberação do Sistema Cantareira. Essa decisão, no entanto, está sendo prorrogada, porque aumentar a soltura de água implica falta do produto em São Paulo. O Sistema Cantareira é responsável pelo abastecimento de 9 milhões de pessoas, ou seja, 50% da população da Região Metropolitana de São Paulo. Além disso, suas comportas regulam as vazões dos rios Atibaia, Jaguari e, consequentemente, o Rio Piracicaba. O sistema compreende quatro reservatórios. O Cantareira vem liberando para os municípios da Bacia do Piracicaba vazões na ordem de 2 metros cúbicos por segundo, o que significa a metade do mínimo usual, que é de 4 metros cúbicos por segundo. A escassez de água, disse o presidente do Comitê da Bacia do Rio Piracicaba e prefeito de Rio Claro, Cláudio de Mauro (PV), é gravíssima. Mas ele acredita que a região conseguirá ultrapassar a estiagem sem racionamentos. Se houver, acredita, serão pontuais. -Choveu menos do que se esperava. A vazão dos rios está abaixo do nível e a população terá que colaborar economizando água. Temos que fazer obras para despoluir os rios, criarmos sistemas de retenção de água da chuva ou a situação ficará cada vez pior-, afirmou. (Correio Popular)