Artigo reforça potencial das cascas de arroz para produção de concretos de alto desempenho
2004-06-02
Com uma produção anual de cerca de 10 milhões de toneladas de arroz, o Brasil ocupa o décimo lugar na lista dos produtores mundiais. Em 2002, de acordo com dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o estado líder na produção foi o Rio Grande do Sul, responsável por 51,61% da safra. Estima-se atualmente uma produção mundial de 100 milhões de toneladas de arroz a cada ano – um volume considerável de grãos, de cascas desse produto agrícola e de cinzas resultantes da queima desse resíduo da indústria arrozeira. Além de abundante, a casca de arroz é considerada também o resíduo vegetal que mais produz cinzas ao ser queimado. Suas cinzas vêm se mostrando uma matéria-prima com alto potencial em estudos que buscam o reaproveitamento de resíduos na construção. Uma das principais aplicações é a produção de concretos de alto desempenho, com grande resistência e durabilidade.
Pesquisas laboratoriais já mostraram que o desempenho das cinzas da casca de arroz é comparável ao da sílica ativa, um componente comercial necessário na produção de concretos de alto desempenho. Esse tipo de concreto pode ser usado em pilares, vigas, lajes e outras estruturas sujeitas a ambientes agressivos, como atmosferas industriais e marítimas. De acordo com o artigo, diversos estudos vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de utilizar esse produto em setores industriais, em especial na indústria da Construção Civil. Mas, ainda que o assunto seja relativamente antigo e resultados de pesquisas mostrarem o excelente potencial como pozolanas, as cinzas resultantes da queima da casca de arroz não têm sido muito utilizadas para produção de concreto no Brasil ou outros países.
Impacto - Segundo o artigo, a crise energética mundial e a busca de fontes alternativas de energia renovável fomentou o aproveitamento das cascas de arroz, que vêm sendo usadas como combustível vegetal. Essa queima, no entanto, produz cinzas em grande quantidade. O trabalho ressalta que nenhum outro resíduo da agricultura produz tantas cinzas quando queimado.
— Atualmente, são ainda as empresas beneficiadoras de arroz as principais consumidoras da casca como combustível para a secagem e parboilização do cereal. Como são, em geral, de empresas de pequeno porte, não possuem processos para aproveitamento e descarte adequados das cinzas, que são depositadas em terrenos baldios ou lançadas em cursos dágua, provocando poluição e contaminação de mananciais, explica o professor Luiz R. Prudêncio Jr. Para ele, afim de minimizar o problema, órgãos ambientais têm buscado regulamentar o descarte dessas cinzas. Instituições de pesquisa estudam seu reaproveitamento na construção. (Habitare)