Ministro critica rompimento de contratos de soja com China
2004-06-01
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou ser inaceitável o rompimento de contratos de venda de soja para China em razão dos registros de fungicida em alguns carregamentos. Técnicos do ministério da Agricultura devem definir até o fim da tarde novos critérios sanitários para os embarques do produto a partir do Brasil. — Nós não queremos rompimento de contratos. O que o governo brasileiro tem de fazer é garantir canais de exportação com a qualidade desejada pelo país comprador, disse Rodrigues nesta segunda-feira, em teleconferência com jornalistas brasileiros. O ministro está no Japão, depois de ter ido à China com a comitiva brasileira.
Traders em Hong Kong afirmaram nesta segunda-feira que a maioria dos fornecedores internacionais de soja suspendeu o carregamento de navios com soja da América do Sul para a China devido à crescente insegurança em relação ao pagamento do produto e a complicações na área sanitária. No fim de semana, um terceiro navio com soja brasileira foi embargado pelos chineses. Uma fonte do setor na China disse à Reuters que o carregamento foi rejeitado depois que foram encontradas nove sementes com fungicida misturadas a 61 mil toneladas de soja.
Traders especulam que a rigidez fitossanitária imposta pelos chineses tenha a ver, na verdade, com a situação financeira pela qual passam os esmagadores do país, que concluíram as compras quando os preços e o frete estavam elevados e agora enfrentam restrição de crédito e baixa demanda interna por farelo. Germano Rigotto, governador do Rio Grande do Sul, Estado que tem sido o mais afetado pelas ações chinesas, também insinuou que o país esteja recorrendo a um subterfúgio. — Existe uma guerra comercial por trás de situações como esta, na tentativa de forçar uma queda nos preços internacionais da soja, afirmou no domingo, segundo o site oficial do governo gaúcho. — Se existem manobras tendo em vista baixar os preços, a única coisa que eu posso dizer é que é inaceitável qualquer rompimento de contratos, disse Roberto Rodrigues, ressaltando, contudo, que este seria um —assunto da área privada—. (Agência Brasil, 31/05)