Helicópteros militares internacionais lançaram no sábado alimentos e água potável sobre as cidades haitianas devastadas pela enchente, no único sinal de esperança para milhares de pessoas isoladas do restante do país. Com as estradas às áreas atingidas submersas, os helicópteros são o único meio de chegar às vítimas da enchente, que matou cerca de 2.000 pessoas na Ilha Hispaniola, onde ficam o Haiti e a República Dominicana. Entre os mortos, cerca de 1.000 são da cidade de Mapou, no sudeste do país, que está submersa. A cidade fica a apenas 40 quilômetros da capital, mas as estradas foram destruídas pelas torrentes de lama e água, há cinco dias. — Os helicópteros são uma medida de prazo muito curto para lidar com as necessidade imediatas, disse o tenente-coronel Dave Lapan, porta-voz das Forças Armadas dos Estados Unidos no Haiti. Ele afirmou que o reparo das estradas terá de ser uma prioridade assim que a água começar a baixar. Uma força multinacional liderada pelos EUA, enviada ao Haiti há três meses para restabelecer a ordem após a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide, acabou tornando-se uma equipe de resgate após o pior desastre natural a atingir o país em uma década. O Brasil enviou ao Haiti na sexta-feira (29/05) uma missão de paz de cerca 160 militares. Eles fazem parte de um contingente de 1.200 homens que o país mobilizou para ajudar a Organização das Nações Unidas (ONU) com a segurança da nação caribenha, assim como ações humanitárias. Toneladas de mantimentos foram enviadas a Mapou nos dias anteriores e a maior parte dos vôos de sábado estão concentrados em outra cidade também duramente atingida, Fond Verettes, onde mais de 160 pessoas morreram, e no pequeno município de Thiotte, no sudeste do país. Somente em Fond Verettes cerca de 8.500 pessoas precisam de alimentos, a maior parte delas desabrigadas pelo desastre, disse Inigo Alvarez, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos no Haiti. Ele acrescentou que as equipes de resgate também estão procurando mais áreas afetadas. — Estamos preocupados que haja outras áreas isoladas menores que ainda não foram alcançadas, disse Alvarez. Estima-se que cerca de 1.800 pessoas morreram na enchente no Haiti e outras 350 na República Dominicana. Trabalhadores de equipes de resgate e funcionários do governo afirmam que o número de mortos pode ser ainda maior, com a descoberta de mais corpos sobre a lama e os escombros. O Haiti é o país mais pobre das Américas. Seus oito milhões de habitantes tem uma renda média per capita de cerca de 300 dólares por ano.(Reuters)