Para ministério hidrelétrica como renovável é questao geopolítica
2004-05-31
Os ambientalistas reunidos no seminário Diálogo entre Indústria, Governos e Sociedade Civil para a Ampliação do Uso de Energia Renovável em São Paulo lembraram dos impactos nefastos ao meio ambiente e
às comunidades ribeirinhas, provocados por grandes projetos de hidrelétricas. Tolmasquim, que já escreveu dois livros sobre fontes renováveis de energia, rebateu as observações. O secretário-executivo considera um erro tratar todas as hidrelétricas como potenciais causadoras de graves problemas ambientais. — Todas as fontes de energia provocam maior ou menor impacto, disse ele. O secretário-executivo do ministério lembrou ainda que as chamadas novas fontes renováveis de energia, cujo custo de geração de energia é mais alto por causa tanto da menor escala como da própria tecnologia envolvida, terão um impacto indesejável no bolso dos consumidores. — Não podemos fazer com que aquele cidadão que já não tem o que comer pague o dobro do preço pela energia elétrica, disse ele. — Um governo popular tem de olhar por essas pessoas. Tolmasquim vê outros motivos para o questionamento da posição do ministério. — É tolo quem acha que não tem um jogo geopolítico nessa história, disse ele. O secretário-executivo do ministério considera que mudar a classificação das usinas hidrelétricas como fontes renováveis faria com que o País deixasse de ter uma posição de vanguarda para cair para a lanterna na discussão do desenvolvimento sustentável. Além disso, segundo ele, com o questionamento que a energia eólica já enfrenta na Alemanha, os fabricantes de equipamentos alemães vão buscar outro mercado. — E qual é o mercado que eles vão
querer explorar? Vamos fazer o consumidor brasileiro subsidiar a fábrica de equipamentos na Alemanha?, questiona. — Na minha opinião, essas observações enquadram-se no campo das teorias conspiratórias,
rebateu Goldemberg. Ele acrescentou que o ponto de vista atual do Ministério das Minas e Energia é o oposto de um posicionamento firmado pelos representantes dos governos da América Latina
e que, segundo ele, recebeu a chancela da ministra Dilma Rousseff. (Abradecel)