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2004-05-31
O Pará está entrando em um novo ciclo de ocupação de terras, que pode ser ainda mais violento que o desencadeado a partir dos anos 70 nas regiões sul e sudeste do Estado. A advertência é do procurador do Ministério Público Federal no Pará, Felício Pontes, que participou quinta-feira (27/05) de uma audiência pública com integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra na capital paraense. Ele advertiu que a região oeste do Pará - onde estão as últimas florestas de mogno do mundo - pode ser o cenário de um novo massacre de trabalhadores rurais se o Estado não marcar rapidamente sua presença. O procurador disse que o delírio militar de ocupar a Amazônia para que ela não fosse internacionalizada teve dois objetivos: a extração da madeira e a produção pecuária. Felício Pontes afirmou que hoje a pecuária foi substituída pela plantação de soja, e que essa substituição trouxe um agravante: a pecuária fazia poucos empregos, mas fazia, enquanto a soja praticamente não emprega. A invasão do sul do Pará por grandes fazendeiros, desalojando índios, pequenos agricultores e trabalhadores rurais, transformou essa região na mais violenta do País. Entre 1971 a 2003, foram mortas 419 pessoas em conflitos agrários. — Não é possível 419 assassinatos sem julgamento, sem esclarecimento, em uma só região, desabafou o deputado Jamil Murad (PCdoB-SP). O parlamentar apelou para que a Justiça autorize uma escuta telefônica a fim de ligar pistoleiros a mandantes e acabar com a impunidade. No Pará, 70% das terras públicas do Estado pertencem à União, o que, segundo o deputado João Alfredo (PT-CE), relator da CPMI, torna a reforma agrária no Pará mais barata, porque bastaria o Governo tomar as terras ocupadas irregularmente.

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