Acordo nuclear entre Brasil e China gera divergência no país
2004-05-26
Os governos brasileiro e chinês começaram a discutir ontem, em Pequim, um acordo de cooperação na área nuclear, que prevê a venda de urânio bruto brasileiro. Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, o interesse do Brasil é participar da construção de 11 usinas nucleares projetadas pela China nos próximos anos. A parceria atrai os chineses devido à crescente demanda de combustível para usinas atômicas locais e centrais mistas de geração de energia. A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida domingo à noite, em conversa com Campos e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, surpreendeu o setor no Brasil.
O acordo nuclear entre Brasil e China não poderá ser contestado pela Agência Internacional de Energia Nuclear. Segundo duas fontes, que preferiram não ser identificadas, o acordo será feito dentro dos parâmetros existentes quanto à não-proliferação de armas nucleares. Para o ex-ministro de Ciências e Tecnologia do governo FHC, Luiz Carlos Bresser Pereira, o alinhamento estratégico do Brasil com a China na área nuclear não significa o desalinhamento do país em relação a outros países e mercados. O secretário do Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg, advertiu, no entanto, que o acordo nuclear firmado ontem entre o governo brasileiro e a China poderá causar problemas para o país, colocando-o sob pressão dos Estados Unidos e da Agência Internacional de Energia Atômica. (GM/A-4, ZH/19, JC/7, CP/capa, 10)