Vendaval no Rio mostra a falta de preparo nacional na previsão de catástrofes
2004-05-26
Os fenômenos climáticos registrados no litoral de Santa Catarina, no fim de março, e em Saquarema, Rio de Janeiro, na semana passada, reforçam uma tese básica: está mais do que na hora de o Brasil se preparar para enfrentar furacões e violentos ciclones. Segundo Isimar de Azevedo Santos, professor do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o serviço de meteorologia britânico identificou pela primeira vez, na terça-feira 18, sinais concretos de que o caos pode voltar a pairar sobre o Brasil. Através de modelos matemáticos que descrevem a atmosfera da Terra, os especialistas localizaram dois pontos no País nos quais as catástrofes têm mais chances de acontecer. Eles acharam uma linha perto do litoral catarinense e outra na região dos Lagos, no Rio. Que o aquecimento global levaria ao aumento de atividades inesperadas na meteorologia, todo mundo já sabia. Porém, essa é a primeira vez que o Brasil aparece em prognósticos científicos. Há um consenso entre os pesquisadores de que é necessário começar um trabalho de prevenção na Defesa Civil e treinar a população para as anomalias climáticas. A experiência é uma das razões pelas quais os EUA perdem relativamente poucas vidas em catástrofes naturais. O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Luiz Cavalcanti avisa: — O que aconteceu em Santa Catarina foi um furacão e na natureza é assim: quando um fenômeno acontece uma vez, ele pode se repetir. As pessoas precisam se preparar para prevenir e enfrentar os fenômenos da natureza, explica. (IstoÉ, 25/05)