Doenças de origem alimentar são grande risco na Ásia e Pacífico
2004-05-26
As doenças de origem alimentar representam um grave perigo para as regiões de grande densidade demográfica da Ásia e do Pacífico, advertiram segunda-feira (24/05), dois organismos das Nações Unidas. Até agora, os casos de contaminação e a origem de doenças alimentares nessa região tinham ocorrido isoladamente, mas o perigo potencial está na rua, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla em inglês). Calcula-se que em cada três pessoas no mundo sofre problemas ligados à alimentação, enquanto a cada ano 1,8 milhão morrem por graves formas de diarréia causadas pelos alimentos ou pela má qualidade da água. Para tratar desses perigos e do modo de combatê-los, especialistas e representantes de cerca de 40 países da região participam nesta semana da Conferência Regional sobre Inocuidade dos Alimentos, realizada em Seremban, Malásia, com a colaboração da OMS e da FAO. — O perigo do surgimento de doenças ligadas à alimentação é particularmente grande na Ásia e no Pacífico, especialmente nos lugares onde animais e pessoas vivem muito próximos, e a forma como certos alimentos são produzidos e distribuídos, adverte Kerstin Leitner, subdiretora da OMS para a inocuidade dos alimentos. A epidemia da gripe do frango, exemplo mais recente de uma doença ligada à alimentação, aos animais e às pessoas, não tem precedentes históricos e causa profunda inquietação do ponto de vista da saúde das pessoas, mas também em relação com os animais. Além de haver causado a morte de 23 pessoas, essa epidemia obrigou a sacrificar cerca de 100 milhões de aves, lembra a OMS em seu comunicado. Ao mesmo tempo, nessa região mais de 700.000 pessoas morrem por ano e muito mais são atingidas por doenças provocadas pelos alimentos e pela água, casos que quase nunca chegam às manchetes dos jornais. Por outro lado, estão aumentando ultimamente os problemas derivados da pouca qualidade dos alimentos que se exporta da Ásia. — Desde 2001, os níveis inaceitáveis de resíduos de pragas em frutas e hortaliças, restos de cloramfenicol e outros antibióticos em mariscos e aves, agentes patogênicos nos mariscos e microtoxinas em cultivos e amendoins levaram à rejeição dos alimentos, dessa procedência, diz o subdiretor do Departamento Econômico e Social da FAO, Hartwig de Haen. A proibição da entrada de pescado de um país asiático na União Européia custou a ele 355 milhões de dólares em oportunidades perdidas de exportação. O valor das vendas de farinha de amendoim de outro país asiático à UE diminuiu anualmente em 30 milhões de dólares desde que o bloco europeu introduziu novas regras sobre microtoxinas no início dos anos 80. — Os últimos escândalos em torno de alimentos que não obedecem às regras estabelecidas ou estão contaminados por substâncias químicas nocivas à saúde são só a ponta do iceberg de um vasto problema de saúde pública em ascensão, advertem a OMS e a FAO. Esses escândalos revelam que os sistemas de inocuidade dos alimentos não funcionam adequadamente e que faltam os mecanismos integrados na região, e freqüentemente nos próprios países, para antecipar possíveis surtos de doenças e organizar respostas rápidas para impedi-los, acrescentam ambas as organizações. A conferência regional da Malásia dedicará especial atenção à cobertura de todo o processo da cadeia de produção alimentícia, embora se centrará em particular nos elos em que é mais fácil intervir para diminuir significativamente o perigo de doenças de origem alimentar.(EFE)