Na cidade de Itá (SC), o artesão Paulo César Vargas utiliza pequenos pedaços de tábua, que pertenceram a casas da antiga cidade, para confeccionar suas peçass. O estilo rústico da madeira lembra os antigos oratórios, que passavam de casa em casa, nas comunidades. O material começou a ser recolhido em ações voluntárias para a limpeza do lago. Ao deparar-se com material recolhido, o artista despertou para a possibilidade de reaproveitar as tábuas, que podem ter pertencido a construções do início do século passado, dando uma nova utilidade. -Quanto mais feio e descartável, mais influenciado é com a arte-, diz o escultor. Inicialmente, ele pegava retalhos de madeira para confeccionar puxadores ou detalhes dos móveis que fabricava. Além do trabalho, ele se considera um iluminado por ajudar a recuperar uma área verde de três hectares, próxima a sua casa. Com auxílio de outros moradores e dos escoteiros foi retirado o lixo e feito o reflorestamento da área, com 6 mil mudas de espécies nativas. Vargas já fez cerca de 40 esculturas e 50 oratórios. Agora, ele está recolhendo material para uma exposição onde pretende utilizar suas peças para transmitir uma mensagem ecológica. Inspirado no artista Frans Krajcberg, Vargas pretende mostrar a ação destrutiva do homem fazendo esculturas em tocos queimados ou serrados. É um protesto contra a degradação da natureza através da arte. (Diário Catarinense, 21/05)