PF DIZ QUE ÍNDIOS SÃO USADOS PELO TRÁFICO NA CAÇA DE ANIMAIS SILVESTRES
2004-05-18
O delegado Jorge Pontes, chefe da Divisão de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico (DMAPH), disse no sábado (15/05) que um grupo de pessoas presas temporariamente pela Polícia Federal afirma que há índios viciados na atividade de caçar para vender partes de animais silvestres para confecção de artesanato. Pontes é o coordenador da Operação Pindorama da PF, que investiga casos de envolvimento de quadrilhas com o contrabando desses animais. Pontes disse que a PF está de posse de um extrato bancário que comprova o pagamento referente à atividade na conta de um índio, cuja etnia não foi divulgada. De acordo com o delegado, os índios, no entanto, são os fornecedores primários e os que menos ganham com a comercialização. — Viciaram os índios nesta prática de caçar e abater os animais e esse é um comércio voraz, principalmente no exterior. Os índios podem matar os animais para se vestir, para os seus rituais. Do que matam para comer, podem vender o artesanato. Mas há um interesse de comerciantes estrangeiros. A idéia era permitir que eles fizessem artesanato das sobras de animais, quando, na verdade, não está acontecendo isto. Os índios estão abatendo os animais para exportar. Isso é um contrabando. Adotamos uma postura de não reprimir das mãos do índio. Nós reprimimos da mão dos comerciantes, esclareceu Pontes em entrevista coletiva na sede da Polícia Federal, em Brasília (DF). Os servidores foram indiciados por contrabando, formação de quadrilha, corrupção e receptação. Mais de mil peças foram apreendidas e estão sendo encaminhadas para análise. Penas de araras, dentes de onça, pele de gatos selvagens estão sendo contrabandeados, além de peças de outros animais também ameaçados de extinção. A loja Artíndia, que pertence à Funai, também está sendo investigada como ponte para o comércio ilegal de pedaços de animais. A Operação Pindorama realizou prisões em Rondônia, Mato Grosso, Pará, Amapá e Goiás, além de buscas em São Paulo e Brasília. A DMAPH solicitou diligências da PF nos estados do Acre, Roraima e Bahia e está em contato com a Interpol – Organização de Polícia Criminal Internacional – para troca de informação nas investigações. (Agência Brasil)