US$ 1,1 BI NÃO LIMPAM A BAÍA DE GUANABARA
2004-05-18
Dez anos depois de firmado entre o governo do Estado do Rio de Janeiro e organismos estrangeiros, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) consumiu cerca de US$ 1,1 bilhão e não limpou a baía. Ao contrário: com o aumento das cidades em volta, cresceu a quantidade de lixo e esgoto despejados no mar. Por dia, a baía de Guanabara recebe cerca de 1,7 milhão de toneladas de esgoto e 1.500 toneladas de lixo. Mais 10.500 toneladas vão para lixões e aterros ditos sanitários vizinhos. Parte desse material acaba escorrendo para o mar. Uma ajuda está vindo da criatividade de moradores. Portes, 79, recolhe, todos os dias, o lixo que a maré joga na areia da praia do Gragoatá, em Niterói (cidade a 15 km do Rio). No fundo da baía, em Piedade (Magé, a 60 km da capital), Oliveira, 50, constrói casas com garrafas plásticas que chegam às centenas aos manguezais e praias do lugar. Morador do Gragoatá há 30 anos, Portes se habituou a, diariamente, nadar 40 minutos em meio aos detritos que bóiam na baía. Diz ser imune a doenças da poluição. —Criei anticorpos—. Após o exercício, com uma vassoura, junta o lixo espalhado pela areia, depois recolhido por garis.
(Folha on line, 17/05)