DESCOBERTO BEIJA-FLOR DE 30 MILHOES DE ANOS NA EUROPA
2004-05-10
Há mais de 30 milhões de anos, pássaros parecidos com beija-flores alimentavam-se de néctar nas flores da Europa, um continente do qual esse tipo de pássaro desapareceu há muito. Fósseis remanescentes dessas pequenas aves foram identificados em um sítio da Alemanha, estendendo a existência dos beija-flores a milhares de anos no tempo. Gerald Mayr relata, na edição da revista Sciente desta sexta-feira (07/05), que ossos minúsculos dos primeiros fósseis de beija-flores foram achados pela primeira vez fora das Américas. — É definitivamente o primeiro registro de um tipo do moderno beija-flor encontrado no Velho Mundo, diz. Anteriormente, os mais antigos beija-flores conhecidos eram datados em 1 a 2 milhões de anos atrás, baseando-se em fósseis encontrados em cavernas da América Central, segundo Mayr. Os ossinhos alemães, com menos de 5 centímetros de comprimento, foram encontrados em um depósito de argila, no Estado alemão de Baden-Württemberg, e identificados por Mayr no Forschungsinstitut Senckenberg, o museu de história natural de Frankfurt. Ele nomeou a nova espécie de Eurotrochilus inexpectatus, o que significa inesperada versão européia do Trochilus. Trochilus é o nome científico do gênero moderno do beija-flor. Helen James, uma ornitóloga do Smithsonian s Museum of Natural History, dos EUA, afirma que já se conhecia essa espécie, mas os cientistas nunca tinham encontrado esqueletos e bicos para estudo. — Sabemos agora, com esse material, que o pássaro era do tipo beija-flor e que a forma do bico certamente difere do da andorinha e outro membros da ordem. Mayr diz que a descoberta é um surpreendente exemplo da complexidade da evolução e da biogeografia animal. — Até agora, beija-flores eram exemplos acadêmicos da radiação do Novo Mundo entre pássaros. Entretanto, espécies que atualmente estão restritas a certa região deviam ter uma distribuição diferente ou maior, no passado, com todas suas implicações ecológicas. A descoberta pode, mais adiante, abrir uma nova visão da evolução de partes da flora do Velho Mundo, explica. Os pássaros têm longos bicos para sugar néctar, mais que duas vezes o tamanho do esqueleto, e asas projetadas para permitir a sustentação no ar enquanto se alimentam. Algumas flores na Europa ainda estão aptas para serem polinizadas por esses pássaros. Sua missão entretanto foi substituída por outras espécies, como a das abelhas de línguas longas. (Estadão)