É DIFÍCIL NOTAR A MUDANÇA CLIMÁTICA. FILME A CARICATURIZA
2004-05-10
É difícil fazer com que as pessoas levem a sério o aquecimento global porque ele acontece muito lentamente. Não tanto geologicamente, pois, de acordo com consenso científico, até o final deste século o planeta terá ficado mais quente do que tem sido por milhões de anos. A passagem do tempo, neste caso, é uma questão problemática. Dia após dia, fica difícil discernir mudança climática de catástrofes, de modo que as pessoas não percebem o que realmente é preocupante. Lentidão, em todo caso, não é um problema para O Dia Seguinte a Amanhã, novo épico sobre o aquecimento global que vai estrear nos cinemas em 28 de maio. Aparentemente, o script defende que o rápido aquecimento das calotas polares do Ártico é suficiente para espalhar massivas mudanças nas correntes oceânicas, modificando correntes marítimas e trazendo grandes temporais. Na versão da 20th Century Fox, os tornados arrasam Los Angeles, enquanto pesadas tempestades de neve colocam Nova Délhi, na Índia, em um quebra-cabeças. O pior é destinado a Nova Iorque pelo diretor Roland Emmerich, o mesmo de Independence Day e Godzilla. Uma onda gigante assola Wall Street e então um dia que começa muito quente torna-se repentinamente frio e, logo, a cidade toda está presa no gelo. Muitos ambientalistas estão vendo o Filme O Dia Seguinte a Amanhã um sinal de que Hollywood finalmente emplacou um grande épico do cinema. O ex-vice-presidente norte-americano Al Gore deverá fazer um pronunciamento especial antes do lançamento do filme. O ministro alemão do Meio Ambiente, Jürgen Trittin, aproveitou a ocasião que se apresenta para lançar algumas farpas contra a administração do presidente norte-americano George W. Bush: — Nosso desafio está em que, na realidade, O Dia Seguinte a Amanhã não se torne realidade, disse. Muitos comentaristas políticos predizem que o filme vai trazer uma mensagem à administração Bush, acusando-a de estar ignorando a crise do clima, exatamente em um ano eleitoral. Mas o fato é que a ciência mostrada no filme não é inconseqüente. O Ártico está, aos poucos, derretendo, e rapidamente, portanto, enviando rajadas de água gelada ao Atlântico Norte. Alguns modelos de computador indicam que este fenômeno pode enfraquecer a corrente do golfo, trazendo um resfriamento regional ao Oeste da Europa e ao Nordeste dos Estados Unidos, mesmo que o resto do planeta se aqueça. Ao mesmo tempo, eventos extremos do clima acontecem em escalada: enchentes na África, tempestade de vento na Europa, secas na Ásian etc. No filme, tudo isto acontece em um só dia. O filme é uma produção de US$ 125 milhões.(Grist Magazine)