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2004-05-06
RESUMO: A cultura do arroz, principalmente o irrigado sob inundação, representa a base da dieta de metade da população global. Além de sua importância econômica e alimentar, o arroz cultivado secularmente nos países asiáticos, apresenta uma simbologia própria ligada à cultura e religiosidade locais; é portanto, mais do que simplesmente um cultivo agrícola. O modelo de produção convencional vêm intensificando o uso de insumos industriais na agricultura, em detrimento dos métodos tradicionais de cultivo, trazendo consigo problemas como o aumento da erosão, baixa fertilidade dos solos, biodiversidade reduzida, estreitamento da base genética, poluição das águas e do solo, e impactos nos componentes atmosféricos e climáticos. O presente trabalho teve por objetivo apresentar, dentro do contexto da agricultura orgânica, alternativas ao uso de produtos industriais tais como fertilizantes sintéticos e agrotóxicos, no sistema de produção do arroz irrigado em propriedades familiares, preconizando a adoção da tecnologia de processos, ou em outras palavras, um sistema integrado de produção. Neste contexto, a agricultura orgânica apresenta-se como uma alternativa, com a intenção de minimizar o impacto ambiental gerado pela atividade antrópica e remunerar melhor a produção agropecuária, por sua maior valorização perante o consumidor. De forma isolada, o caráter de agricultura orgânica não isenta este sistema de limitações ou mesmo problemas. Como exemplo, salienta-se a possibilidade de dependência de insumos industriais e a poluição de recursos hídricos e de alimentos com nitratos. Procurando contornar este dilema, as alternativas para sistemas integrados de produção apresentados neste trabalho, na medida em que aprimoram sistemas de agricultura orgânica, levando em conta o enriquecimento planejado da biodiversidade, tem um papel destacado na viabilização da agricultura familiar de pequeno porte. Neste contexto de integração, a cultura do arroz irrigado passa a ser uma das várias opções de cultivo, mesmo continuando a ser a principal atividade de lavoura das propriedades; permite porém incrementar a renda total através da ampliação da agricultura de subsistência, e da diversificação com produtos diferenciados e de qualidade, passíveis de venda para um mercado cada vez mais exigente. Dentre as tecnologias integradas para o gerenciamento local de recursos, com geração interna de insumos e baixo uso de insumos industriais, destacam-se a rizipiscicultura, a criação de marrecos de Pequim em quadras arrozeiras, a fixação biológica de nitrogênio e sistemas de agrossilvicultura com arroz, que podem proporcionar uma maior estabilidade aos agroecossistemas, trazendo maior produção, sustentabilidade e eficiência energética. Na maioria destas situações, os animais representam um elo importante para as relações estabelecidas. Leguminosas e Azolla spp. têm um papel destacado no fornecimento de nitrogênio em sistema de orizicultura irrigada, sendo que o uso destas espécies é ponto chave para altas produções de arroz na orizicultura orgânica integrada. Por ser um processo de geração de fertilidade in loco, seu uso permite a substituição dos adubos nitrogenados sintéticos, facilitando a transição para o modelo de agricultura orgânica. Identificou-se que há dois caminhos para a produção familiar orizícola de pequeno porte: a industrialização crescente ou a diversificação e integração de atividade da agropecuária tendo por cultura base o arroz. A viabilização do modelo apresentado, depende em grande medida dos consumidores, e é na relação direta com estes que a agricultura orgânica familiar de pequeno porte, pode encontrar um maior reconhecimento de seu significado como produtora de alimentos saudáveis e melhores condições de vida.
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina.
Autor: Rainer Prochnow.
Contato: Mestrado em Agroecossistemas - Centro de Ciências Agrárias.

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