GOVERNO LANÇA PLANO, MAS AINDA FALTAM AÇÕES PARA CONTER DESMATAMENTO
2004-05-05
As mudanças mencionadas - ou seja, no câmbio da moeda e nas doenças do gado
- reforçaram muito as dinâmicas da região amazônica que já estavam em
andamento, incluindo a rápida expansão da rede elétrica e rodoviária, bem
como os grandes investimentos em matadouros, na indústria de laticínios e de
empacotamento de carne.
Os preços baixíssimos da terra na Amazônia também contribuem para a
rentabilidade da atividade pecuária. Os preços se mantêm muito baixos em
parte porque, para os fazendeiros, é fácil ocupar de maneira ilegal terras
do Estado sem serem processados, bem como desflorestar áreas muito maiores
que os 20% das fazendas permitidos atualmente por Lei. Em face à realidade
descrita, no dia 15 de Março, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
anunciou um importante novo Plano de Ação para a Prevenção e Controle do
Desmatamento na Amazônia Legal. Com esse Plano, o governo se compromete a
gastar 394 milhões de Reais em atividades desenhadas para reduzir o
desmatamento. Isso inclui: planificação do uso da terra; melhor aplicação
das leis relativas ao desmatamento e à ocupação ilegal das terras do Estado;
controle do desmatamento; revisões de investimentos em infra-estrutura
pública; apoio aos territórios indígenas e bosques comunitários; apoio à
agricultura sustentável; e maior controle sobre crédito para fazendeiros,
entre outras iniciativas. O enfoque do governo vai à direção certa. No
entanto, para influir seriamente no problema de desmatamento, é preciso uma
quantidade muito maior de recursos financeiros, bem como uma maior
coordenação entre e intraministérios envolvidos no problema, além de uma
fiscalização rigorosa. As forcas do mercado doméstico e internacional que
atualmente promovem o desmatamento voltado para a criação de gado bovino no
Brasil são maiores que nunca. Mesmo com uma resposta determinada em termos
das políticas aplicáveis, conter os desmatamentos de forma efetiva é uma
questão complicada. Limitar o impacto negativo dessas forças sobre a
floresta amazônica requer um esforço maciço como resposta. Se não houver uma
ação urgente de parte da comunidade internacional, é provável que a Amazônia
brasileira perca uma área adicional de floresta do tamanho da Dinamarca nos
próximos 18 meses.(CIFOR)