MELHORA NO CÂMBIO E NAS CONDICOES SANITÁRIAS FORAM DECISIVAS PARA EXPANSÃO DA PECUÁRIA
2004-05-05
Anteriormente, vários estudos previam que grandes desvalorizações da moeda
conduziriam a um aumento importante do desmatamento derivado da criação de
gado. Esses estudos usam modelos macroeconômicos conhecidos como modelos de
Equilíbrio Geral Computável para simular como as mudanças no câmbio poderiam
afetar o uso do solo e assim o desmatamento. O mais recente e sofisticado
desses estudos, levado a cabo por Andrea Cattaneo, previa que, sendo o mais
realista possível uma desvalorização real da moeda brasileira da ordem de
40%, aumentaria em 20% o desmatamento, uma vez ajustados os mercados.
Durante muitos anos, a presença da febre aftosa na maior parte do território
brasileiro impediu que o País exportasse os seus produtos bovinos a muitos
mercados internacionais. Até 1998, nenhum Estado brasileiro tinha sido
certificado como livre da doença. Nesse ano, dois Estados do Sul - Rio
Grande do Sul e Santa Catarina - foram declarados livres dessa doença. Desde
então, a área certificada se ampliou muitíssimo. Em 2003, 85% do gado bovino
do País se encontrava em áreas que tinham sido certificadas como livres
desse mal. Entre 1994 e 2002, a proporção de gado vacinado contra a febre
aftosa aumentou de 64% para 86%. Entretanto, atualmente a maior parte do
país está certificada como livre desse mal. Isso contribuiu muito para que o
Brasil tivesse acesso a numerosos novos mercados na Europa, Rússia e Oriente
Médio. Entre 1990 e 2001, a percentagem de importações de carne transformada
procedente do Brasil subiu de 40% para 74%. A melhora na situação da febre
aftosa foi de especial importância para incentivar a produção de carne na
Amazônia. Uma vez que alguns estados foram declarados livres desse mal em
1998, estados que apresentavam a doença - incluindo todos os Estados da
Região Amazônica - não podiam mandar para os Estados livres de febre aftosa
nenhum produto derivado de carne de vaca, a menos que se tratasse de carne
desossada. Isso praticamente impossibilitou que fazendeiros da Amazônia
vendessem carne aos grandes mercados urbanos - como São Paulo ou Rio - muito
menos exportassem. Agora, no entanto, a situação mudou. Desde 2003, os
estados de Mato Grosso, Rondônia e do Tocantins foram declarados livres de
febre aftosa, podendo vender sua carne para quem quiser. Esses estados
mencionados representam mais de sessenta por cento do rebanho bovino da
região. Para 2005, o governo brasileiro espera que o País inteiro tenha sido
declarado livre da doença. Essas mudanças têm aumentado os preços da carne
na Amazônia, e daí o incentivo ao desmatamento.(CIFOR)