DESMATAMENTO AUMENTOU NA PROPORÇÃO DO AUMENTO DO REBANHO
2004-05-05
A área acumulada relativa ao desflorestamento da Amazônia brasileira
aumentou de 41,5 milhões de ha em 1990 para 58,7 milhões de ha em 2003. Em
um período de apenas dez anos, o País perdeu uma área de floresta
equivalente ao dobro do tamanho de Portugal ou do Paraguai. Nos dois anos
que se seguiram ao alarmante índice de desflorestamento de 1994/95, houve
otimismo entre os analistas, pois as taxas de desmatamentos começaram a
cair. A avassaladora maioria das áreas desmatadas acaba virando pastagens.
De acordo com os dados censitários disponíveis e mais recentes, a área
dedicada à agricultura em 1995/96 atingiu 5.608.000 de ha. No entanto, a
cifra para a área de pastagens foi de 33.579.000. Ou seja, havia em 1996
quase 6 hectares de pastagens por cada hectare de culturas. Não há nada que
sugira uma mudança do padrão desde 1996. As figuras e tabelas contidas neste
Relatório fornecem evidência estatística e visual, indicando uma íntima
correlação entre o desmatamento e o crescimento da pecuária. Apesar da
grande preocupação gerada nos últimos anos em relação à expansão da cultura
de soja na Amazônia, ela explica somente uma pequena percentagem do total
dos desmatamentos. A área total de soja na Amazônia Legal em 2002 foi de
apenas 4,9 milhões de hectares, enquanto a área de pastagens foi certamente
dez vezes maior. Além disso, as áreas de cultura de soja se encontram
principalmente no Cerrado Mato-grossense e em lugares desmatados ao longo de
vários anos. Só uma porcentagem relativamente pequena é representada pela
abertura de novas áreas de floresta. A extração madeireira raramente leva
diretamente ao desmatamento da Amazônia. A maioria dos madeireiros extrai um
número reduzido de árvores por hectare, muitas vezes causando danos à
floresta, porém sem destruí-la. A extração madeireira contribui
indiretamente para o desmatamento, pois propicia a entrada dos fazendeiros e
a ocorrência de incêndios. Ainda assim, a extração madeireira continua sendo
muito menos importante que o crescimento da pecuária. A expansão nos últimos
15 anos da pecuária bovina na Amazônia foi espetacular. Nesse período,
duplicou o número de cabeças, que passaram de 26 milhões em 1990 para 57
milhões em 2002. Nesse processo, o rebanho bovino na Amazônia passou de
17,8% do rebanho bovino brasileiro total para mais de um terço. De fato, 80%
do crescimento do gado do Brasil nesse período ocorreu na Amazônia. A grande
maioria do gado novo se concentra nos Estados de Mato Grosso, do Pará e de
Rondônia, sendo também os estados com maior desflorestamento em 2002.(CIFOR)