ARGENTINA REESTRUTURA SETOR ENERGÉTICO
2004-05-03
Os problemas de abastecimento surgidos nos últimos meses obrigaram o governo do presidente Néstor Kirchner a elaborar um plano de emergência destinado a reestruturar o sistema energético do país, que prevê, entre outras medidas, a criação de uma companhia petrolífera estatal, confirmou semana passada o chefe de gabinete, Alberto Fernández. O plano, segundo o funcionário argentino, será anunciado mês que vem. Anteontem, o ministro do Planejamento, Julio de Vido, braço-direito do presidente, anunciara um programa de racionamento que estabelece um sistema de prêmios e castigos para usuários residenciais e comerciais. Assim, o governo espera economizar entre 5% e 7% dos 130 milhões de metros cúbicos de gás consumidos diariamente no país. — Estamos avaliando a possibilidade de criar uma empresa estatal. O projeto, que será anunciado junto com o plano, em maio, permitirá desenvolver empreendimentos conjuntos com companhias privadas, explicou Fernández, sem dar mais detalhes da iniciativa. O governo argentino também analisa a possibilidade de parceria com a Petrobras e a Petróleos da Venezuela (PDVSA). A informação ainda não foi confirmada oficialmente, mas há vários dias circula nos corredores da Casa Rosada. O principal problema da Argentina é a falta de gás. Trata-se de uma situação delicada, pois se estima que a metade do fornecimento de energia do país depende das reservas de gás. As hidrelétricas representam em torno de 45% da matriz energética do país. — Era um problema previsível, não nos pegou de surpresa, disse o ministro do Interior, Aníbal Fernández. Para o governo argentino, a responsabilidade é das empresas privatizadas. — As companhias privadas deixaram de investir em 1997, suspendendo todas as obras nos setores de exploração e distribuição de gás, explicou o chefe de gabinete. Nos últimos meses o governo teve de aplicar cortes no setor industrial, além de reduzir as exportações de gás para Chile, Uruguai e até Brasil. Paralelamente, a Argentina passou a importar gás da Bolívia e energia elétrica do Brasil.(GM)