DA MATA PARA O MAR: A CONSTRUÇÃO DA CANOA CAIÇARA EM ILHABELA/ SP. SÃO PAULO
2004-04-26
RESUMO: A cultura de uma sociedade é definidora de sua relação com a natureza e a utilização dos recursos naturais está vinculada aos valores culturais e sociais que cada sociedade estabelece para si. Atividade tradicional do caiçara, a construção de canoas insere-se na problemática ambiental na medida em que a madeira para sua construção encontra-se, atualmente, exclusivamente em área de preservação permanente. Neste trabalho procura-se analisar como se dá a construção material e simbólica da canoa caiçara em Ilhabela, litoral norte do Estado de São Paulo. São enfocados aspectos relativos à organização socioespacial; às diversas formas de apropriação; às limitações impostas pela destinação do território de vida caiçara a conservação ambiental pela propriedade privada; à percepção dos caiçaras quanto às limitações e os mecanismos internos de regulação de acesso aos recusros naturais. A especificidade da canoa caiçara é abordada na comparação com outras embarcações contruídas por distintos grupos culturais ao longo da costa brasileira. Os diferentes tipos de canoa vinculam-se a diferentes modalidades de pesca, principal atividade econômica das comunidades caiçaras. São Apresentadas as etapas de construção de uma canoa e as relações sociais decorrentes desta atividade. Constata-se que a canoa é meio de transporte adequado ao ambiente insular, além de principal instrumento da pesca artesanal, fazendo parte da vida dos pescadores. É também a mais importante produção material da cultura caiçara em Ilhabela, definidora de relações de solidariedade e reciprocidade e da própria identidade cultural do grupo. Representa ainda uma autonomia em relação à sociedade envolvente, na medida em que todo o processo de construção é de domínio de membros do grupo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Contato: Mestrado de Ciência Ambiental (11) 3091-3116/3121.