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2004-04-20
RESUMO: A presente dissertação foi delineada com o objetivo de obter informações sobre características agrostológicas de duas leguminosas sub-tropicais, Vigna luteola e Vigna longifolia, espontâneas nas planícies litorâneas de Santa Catarina para subsidiar programas pastoris sustentáveis. O trabalho foi desenvolvido em quatro etapas distintas: 1) Resgate da descrição botânica e da distribuição geográfica, dessas espécies junto ao Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí, Santa Catarina, a pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na literatura; 2) Levantamento de dados fenológicos obtidos de excursões científicas aos locais de ocorrência, descritos naquele Herbário; 3) Experimentação realizada na Fazenda Experimental da Ressacada, Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, para obter dados de germinação e de sobrevivência de plântulas após sobre-semeadura em pastagem naturalizada e 4) testes de laboratório, para comparar métodos de quebra de dormência de sementes dessas duas espécies. Registros encontrados no Herbário Barbosa Rodrigues informam que o hábito de crescimento da Vigna luteola é volúvel e o da Vigna longifolia é estolonífero. Ambas são plantas perenes. O limite norte da ocorrência espontânea dessas espécies no estado de Santa Catarina é o paralelo 27 Sul. Uma revisão na literatura mostrou que a Vigna luteola expande-se ao sul até a Argentina, paralelo 45 Sul, assim como vegeta espontaneamente em várias regiões do mundo. Não foram encontradas referências sobre a dispersão de Vigna longifolia, com exceção do Uruguai e Argentina onde é tida como nativa. Em excursões realizadas nas regiões de ocorrência apontadas no Herbário, em Santa Catarina, registrou-se que ambas as espécies ocorrem consorciadas, em ambiente caracterizado por solo com alta salinidade e umidade e baixa fertilidade (pobres em Ca e P). Ambas as espécies, nessas condições, apresentavam abundante massa verde, elevada produção de flores e sementes, nodulação apreciável nas raízes, porém a sua presença era muito mais notável em áreas protegidas do pastejo. A grande aceitabilidade pelo gado foi registrada, e por isso especulou-se ser essa a razão da pouca freqüência dessas espécies na pastagem. Amostras de forragem foram coletadas e encaminhadas para o laboratório de Nutrição Animal da Epagri, Lages para avaliar o valor nutritivo da forragem, colhida no mês de novembro de 2001. Os resultados dessas análises revelaram que a digestibilidade da matéria orgânica, o NDT, a Proteína Bruta, o Cálcio e Fósforo eram: 68,2% e 59,2 %; 56,3% e 50,0%; 20,4% e 18,9%; Cálcio 1,51% e 1,41%; e 0,23% e 0,23% na matéria seca, respectivamente para Vigna luteola e Vigna longifolia. Essas observações levaram o autor a testar a possibilidade de ampliar a freqüência dessas espécies através da sobre-semeadura das mesmas em pastagem natural. Este estudo foi desenvolvido na Fazenda Experimental da Ressacada. Dezoito parcelas, cada com 10m 2, foram, ao acaso, demarcadas e sobre-semeadas com ambas as espécies. Trinta dias após, uma medida do número de plantas germinadas foi registrada. Observou-se que apenas a germinação da Vigna luteola tinha ocorrido, mas nenhuma planta de Vigna longifolia havia germinado. Três meses depois, uma avaliação da presença dessas espécies na pastagem foi avaliada através do método BOTANAL. Aproximadamente 20% da matéria seca da pastagem amostrada provinha da Vigna luteola . Novamente, nenhuma planta de Vigna logifolia foi encontrada. Testes em câmara de germinação, confirmaram os dados de campo, indicando necessidade de quebra de dormência das sementes. Por isso, decidiu-se testar essa hipótese através da escarificação das sementes. Lixas, água quente, álcool, soda cáustica ou ácido sulfúrico foram os processos testados. A escarificação resultou igualmente eficiente em promover a germinação da Vigna longifolia e em melhorar a da Vigna luteola, quando comparados com a testemunha. Estes resultados permitem concluir que Vigna luteola e Vigna longifolia são leguminosas promissoras como forrageiras para implantação em pastagens do litoral Sul do Brasil, pela facilidade de adaptação a esse ambiente, alta apetecibilidade, adequado valor nutritivo, e elevada produção de sementes. Embora a presença de sementes duras possa beneficiar a germinação ao longo do ano, a escarificação promove quebra de dormência das sementes e acelera o aparecimento dessas leguminosas na pastagem após sobre-semeadura e a escarificação mecânica aparece como melhor alternativa pelo menor risco à saúde do operador.
Instituição: Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina.
Autor: Hermes Benedet.
Contato: (48) 331 9611.

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