CONSERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA AINDA É MUITO DEFICIENTE
2004-04-19
No entanto, constata-se que o sistema atual de unidades de conservação na Mata Atlântica é muito deficiente. A bióloga explica as razões. Por causa da grande fragmentação das florestas do bioma, as áreas protegidas são muito pequenas, o que impede a conservação de espécies no longo prazo. Além disso, a distribuição dessas reservas é bastante esparsa ao longo da paisagem, dificultando o trânsito das espécies e as necessárias trocas genéticas para sua perpetuação. O sistema também não contempla, de forma equilibrada, todas as várias fitofisionomias da Mata Atlântica, deixando ecorregiões como as Florestas Costeiras de Pernambuco, por exemplo, quase completamente desprotegidas. Para agravar ainda mais a situação, as áreas protegidas existentes são continuamente ameaçadas por invasões, exploração de madeira e ações em seu entorno, que geram cada vez mais isolamento. — Por isso, temos insistido na implementação dos corredores de biodiversidade, conclui Mônica. Diante desse quadro, a participação do setor privado na conservação da biodiversidade da Mata Atlântica é cada vez mais importante. Em 2000, o governo federal incorporou, com a Lei 9.985/00, a base legal das RPPNs ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Hoje, as RPPNs já somam no país mais de 500 mil hectares, distribuídos em mais de 600 reservas. Só na Mata Atlântica e seus ecossistemas associados elas protegem mais de 83 mil hectares, em aproximadamente 360 reservas. Desde 2002, em seus dois editais anteriores, o Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica recebeu a inscrição de 76 propostas. 36 projetos foram beneficiados e já receberam mais de R$ 700 mil em recursos. — O Programa tem por objetivo alavancar essa vontade de conservação latente nos proprietários privados, oferecendo recursos financeiros desburocratizados, parcerias institucionais e orientação cientificamente embasada, descreve Márcia Hirota, diretora de projetos da SOS Mata Atlântica. As iniciativas contempladas contribuem para o aumento da área protegida da Mata Atlântica, privilegiando duas regiões que cobrem 16 milhões de hectares: o Corredor Central da Mata Atlântica, representando o sul da Bahia e o centro-norte do Espírito Santo, e o Corredor da Serra do Mar, que se estende pelos estados do Rio de Janeiro, nordeste de São Paulo e na serra da Mantiqueira em Minas Gerais.