MAU USO DE AQÜÍFEROS COMPROMETE ATÉ OS RIOS
2001-08-14
O mau uso dos aqüíferos subterrâneos, além de resultar em contaminação por substâncias tóxicas, compromete até os rios. Em Americana (SP), segundo o professor de petrologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Daniel Marcos Bonotto, o nível do aqüífero Itararé diminuiu em 80 metros por conta de sua exploração intensiva. Bonotto faz parte de um grupo de estudos do aqüífero Guarani, que tem um volume equivalente ao das águas superficiais brasileiras - 1,2 milhão de quilômetros quadrados de área nos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, além dos países vizinhos. Um conselho gestor com representantes de todos os interessados estuda formas de exploração racional dessas reservas. Os pesquisadores trabalham com a hipótese de que haja 1,5 mil poços pela área. Eles constataram que, apesar da presença de isótopos de rádio e urânio, a água é de excelente qualidade. No Uruguai, as águas do aqüífero são usadas em balneários. Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, é praticamente toda abastecida com águas subterrâneas. Essas reservas são utilizadas por montadoras e indústrias alimentícias de várias regiões do país. O custo dessa água é muito inferior ao da superficial tratada, em seus processos de produção. Em São Paulo, o professor da USP Aldo Rebouças calcula que apenas 700 dos cerca de sete mil poços sejam regularizados, apesar do Decreto 41.258/96, que obriga, sob pena de multa e lacração, o registro.Hotéis de luxo, shoppings, clubes, condomínios e 95% das indústrias têm poços, mas a maior parte deles é anterior à lei.No Rio, a situação não é diferente. Dos dois mil poços, apenas 10% são registrados e fiscalizados, de acordo com o Departamento Estadual de Recursos Minerais (DRM-RJ). A justificativa é de que a poluição subterrânea é muito difícil de ser combatida.