PETROBRAS CEDE E REÚNE-SE COM PESCADORES AFETADOS POR DERRAME DE ÓLEO
2004-04-16
Representantes da colônia de pescadores Marcílio Dias, na Penha (RJ), se reuniram quarta-feira (14/04) à tarde com a diretoria da Petrobras para discutir a possibilidade de apoio social à comunidade - uma das atingidas pelo vazamento de óleo na Baía de Guanabara, provenientes da Refinaria de Duque de Caxias, em 2000. Enquanto aguardam as sentenças dos processos, os trabalhadores reivindicam a distribuição de cestas básicas. - Pela primeira vez, em quatro anos, conseguimos ser ouvidos pelos diretores. Já é uma vitória, mas queremos abrir as portas para outras colônias que também foram afetadas pelo desastre - comemorou o presidente da Cooperativa de Pescadores Marcílio Dias (Marcoop), Jorge Soares dos Santos. O secretário-executivo da Assembléia Permanente de Defesa do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (APEDEMA), José Miguel da Silva, e outros três ambientalistas foram impedidos de participar da reunião, na Reduc. Segundo Jorge, a conversa não foi muito produtiva. - Eles insistiram em dizer que não são a única fonte poluidora da baía e não deram tanto espaço para nossas reivincações. Vamos aguardar um retorno, mas, se demorar muito, haverá outra barqueata. Desta vez vamos fechar a entrada da Reduc com mais barcos - ameaçou Jorge. Do lado da Petrobras, havia otimismo. Segundo Ricardo Azevedo, gerente de Meio-Ambiente e Saúde da empresa, as propostas dos pescadores serão analisadas, inclusive as cestas básicas. - A reunião foi positiva, procuramos mostrar a eles as causas básicas dos problemas deles, que são maiores que o derrame de óleo de 2000. Em relação ao que é despejado em esgoto na Baía de Guanabara, o derrame teve efeitos ínfimos - minimizou Azevedo. De acordo com o gerente de setor da estatal, o problema mais grave dos pescadores é de comercialização. - Uma só empresa comprava 90% do que eles pescavam. Só que a empresa faliu, e eles perderam mercado - disse. A informação de que alguns peixes e crustáceos tiveram queda de até 95% de incidência na Baía de Guanabara foi publicada no domingo pelo Jornal do Brasil. Os dados são de um laudo elaborado por um perito judicial da 20ª Vara Cível do TJ. (JB online)