ÁLCOOL, O ANTÍDOTO QUE NÃO DECOLA
2004-04-14
O melhor antídoto contra os combustíveis fósseis e o efeito estufa são os combustíveis renováveis, capitaneados pelo álcool. Mas por quê o seu uso alternativo e mais ecológico não decola, como se esperava, nem no Brasil nem no planeta?
A resposta, a Anfavea não foi clara, pode estar na dificuldade tecnológica de produzí-lo e ser competitivo num cenário de constantes mudanças. As vantagens ambientais do álcool já são universalmente conhecidas. Trata-se de uma fonte de energia renovável, não dependente do petróleo e com balanço de carbono zero. Ele não impacta nem causa o efeito estufa. Mistura-se facilmente com a gasolina. Ou seja, permite desde a rápida introdução em motores Otto convencionais (5 a 10%), até o uso em motores especialmente adaptados.
Trata-se de um composto oxigenado. Reduz as emissões brutas de poluentes e tem uma alta octanagem, por permitir bom desempenho. Sem falar na baixa contaminação por enxofre. Não contribui na emissão de SO2, nem afeta o desempenho dos catalisadores.
COMBUSTÍVEL LIMPO – Mas, segundo Henry Joseph, é na sua condição de combustível que o álcool apresenta as maiores vantagens e desvantagens. Como vantagens industrial e comercialmente competitivas, o próprio governo brasileiro se incubiu de alardear e abandonar, já por duas vezes, através do Pro-Álcool.
Trata-se de um combustível com bom conteúdo energético e fácil produção. Uma usina média de álcool produz 300 mil litros/dia, durante a safra da cana de açúcar. Também tem ótima versatilidade, como uma fácil mistura com a gasolina e grande aplicabilidade. E por ser renovável nem causar o efeito estufa, tem um relativo e baixo impacto no meio ambiente do planeta.
E as desvantagens do álcool como uma alternativa de matriz energética mais limpa? É aí que reside o desânimo, talvez, isso não ficou muito claro durante o fórum, da própria indústria automobilística tupiniquim em apoiar a produção de carros unicamente a álcool.
A primeira grande desvantagem, apontou Joseph, está na sua baixa disponibilidade no mercado. Somente alguns países produzem e, normalmente, o consideram um sub-produto. Sem falar na sua qualidade bastante variável e não padronizada internacionalmente.
Como um produto agrícola, tanto a plantação de cana como a sua transformação em álcool, ambas são sujeitas a intempéries da natureza. Têm uma resposta demorada e a produção pulverizada. A tecnologia de utilização do álcool também continua limitada. Poucos países investem em novas pesquisas e aperfeiçoamento do conhecimento industrial que se tem. Isto porque a excelência em banco de dados tecnológicos continua atrelada à dos produtos derivados do petróleo. E por fim, os usineiros reclamam do baixo retorno de investimentos na sua produção, distribuição e comercialização. (JB Ecológico)